Agrotóxicos e sustentabilidade: percepção dos sujeitos sociais no meio rural
Resumo
Os atuais métodos de produção agrícola caracterizam-se pela alta dependência do uso de agrotóxicos,
produtos estes muitas vezes considerados necessários à viabilidade da produção olerícola. Contudo,
o seu uso intensivo e excessivo resulta em consequências negativas ao meio ambiente e potenciais
perigos à saúde dos trabalhadores rurais, grupo populacional mais vulnerável aos riscos de exposição
a estes produtos. Neste contexto, levando-se em conta os impactos socioambientais decorrentes do
uso de agroquímicos na produção agrícola, esta dissertação tem como objetivo compreender o grau
de conhecimento dos agricultores e profissionais que disseminam as informações aos usuários de
agrotóxicos na prática das atividades agropecuárias no município de Chapecó, SC. Inicialmente, para
obtenção dos dados primários desta pesquisa, foram realizadas entrevistas com três Agentes de
Extensão Rural da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI)
do município. Posteriormente, foram aplicados questionários semi-estruturados a 18 agricultores
familiares locais que trabalham com olericultura convencional, abordando o grau de compreensão dos
riscos, normas de biossegurança e outras formas de cultivo, bem como atitudes e práticas relacionadas
ao uso de agrotóxicos e formas de comercialização da produção. Posteriormente, foram aplicados
questionários abertos aos 6 agricultores que adotam sistemas orgânicos de produção, abordando
aqueles mesmos aspectos. A análise dos resultados demonstrou que poucos usuários de agrotóxicos
têm o conhecimento necessário para a manipulação destes produtos, considerados de alto risco e
periculosidade. Neste aspecto, poucos usuários de agrotóxicos costumam ler o receituário agronômico
e compreender as informações contidas na bula dos produtos. Os agricultores conhecem as normas
de segurança relativas ao armazenamento dos produtos, contudo não os sinalizam de forma adequada.
Os usuários relataram utilizar algum tipo de Equipamento de Proteção Individual (EPI), no entanto o
fazem parcialmente. Em relação aos produtores que adotam técnicas de produção orgânica, contatouse
que existe um reconhecimento acerca dos riscos e prejuízos à saúde decorrentes da exposição aos
agrotóxicos. Por outro lado, os agricultores convencionais, ainda que tenham conhecimento dos riscos
dos produtos que estão manuseando, poucos acreditam que se trata de um produto potencialmente
perigoso, tanto para o meio ambiente, quanto para a saúde das pessoas. E por sua vez, os Agentes de
Extensão Rural, técnicos especializados no assunto, reconhecem os riscos dos agrotóxicos, entretanto,
tem ações limitadas, devido ao baixo incentivo dos órgãos públicos competentes. Constata-se, pois, a
necessidade de ações educativas visando repassar informações e esclarecimentos aos agricultores a
respeito dos perigos decorrentes do uso e manuseio de agrotóxicos, eis que o seu uso indevido acarreta
inúmeras consequências, prejudiciais não só ao meio ambiente e à natureza como um todo, mas
especialmente a saúde das pessoas. Portanto, necessário se faz, e de forma urgente, a apresentação
aos agricultores de métodos e técnicas de manejo sustentáveis dos aludidos agroecossistemas, sendo,
neste caso, o aporte científico da Agroecologia uma perspectiva a ser socializada para os agricultores
estudados no presente trabalho.