Efeito cito-genômico do peróxido de hidrogênio e do guaraná (Paullinia cupana) em células tronco mesenquimais
Resumo
Com os avanços das técnicas de cultivo celular, as células tronco (CTs) passaram a ser utilizadas como forma de terapia alternativa, firmando a chamada medicina regenerativa. Um tipo de CT que vem sendo estudada são as Células Tronco derivada do tecido adiposo (ASCs) que possuem características idênticas as Células Tronco Mesenquimais (CTMs). Para realizar um transplante de CTs, se faz necessária uma grande quantidade de células, o que faz com que tais cultivos sejam mantidos in vitro por longos períodos de tempo, consequentemente tais células, com as repetidas passagens, entram em senescência celular, o que inviabiliza a sua utilização. Sendo assim, algumas pesquisas demonstraram que o peróxido de hidrogênio (H2O2) pode atuar potencializando a proliferação destas células. Contudo, sabe-se que o metabolismo oxidativo está intimamente associado ao processo de senescência celular. A partir disto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito cito-genômico da exposição de ASCs ao H2O2 e ao extrato de guaraná. Foi realizado isolamento e cultivo de ASCs, as quais em quarta passagem foram expostas as concentrações de 1-1000 μM de H2O2 e realizados ensaios para a avaliação da viabilidade celular, parâmetros de estresse oxidativo, danos ao DNA e rota apoptótica das caspases. Além disso, ASCs senescentes foram tratadas com concentrações de 1-20mg/mL de extrato de guaraná, sendo testadas para a reversão da senescência, viabilidade celular, parâmetros oxidativos, de danos ao DNA e atividade e expressão de enzimas antioxidantes. Os resultados mostraram que o H2O2 causa danos cito-genômicos as ASCs, havendo redução da viabilidade celular principalmente a partir da concentração de 200 μM, assim como aumento da taxa total de espécies reativas de oxigênio (EROs) e peroxidação lipídica. O H2O2 também diminuiu a atividade da catalase de forma dose-dependente e atuou sobre a atividade da SOD. Os tratamentos também conduziram a um aumento progressivo dos danos ao DNA. Além disso, na oitava passagem foi observada a senescência das ASCs e o tratamento com guaraná mostrou capacidade de reversão deste fenótipo na concentração de 5 mg/mL, de forma a reduzir a taxa total de EROS, a lipoperoxidação, a carbonilação de proteínas e os danos ao DNA, quando comparado às ASCs não tratadas. O guaraná também foi capaz de modular a atividade e expressão de enzimas antioxidantes, aumentando a catalase, reduzindo a SOD total e uma leve redução na expressão da glutationa peroxidase. Logo, pode-se dizer que a exposição aguda de ASCs não senescentes ao H2O2 foi altamente citotóxica, demonstrando a alta sensibilidade destas células a este agente estressor. Todavia, ASCs senescentes tratadas com guaraná demonstraram o potencial efeito deste extrato na reversão da senescência celular.