Diferentes modelos, diferentes caminhos: a busca pela sustentabilidade ambiental no município de Piratini, RS
Resumo
O desenvolvimento tem se tornado um objetivo a ser alcançado a qualquer custo;
independente das conseqüências e/ou impactos negativos que possa causar para
determinados grupos sociais, a grande questão é elevar qualquer comunidade ao nível de
consumo e de riqueza material das grandes potências mundiais. Reconhecendo a
insustentabilidade deste modelo de progresso e a sua preocupante e desenfreada expansão
pelo território gaúcho, surge a necessidade de analisá-lo através de uma abordagem
sistêmica, considerando desde sua esfera ambiental, até a social e econômica.
Compreendendo a sustentabilidade a partir do encontro de saberes, culturas, seres e formas
de significação da natureza diversificadas optamos pela paisagem como categoria de
análise, justamente por seu caráter sistêmico. A paisagem traz em sua própria essência a
compreensão da transformação e da dinâmica. Independente da escala, a paisagem é
composta por elementos que interagem entre si através da troca de matéria e energia. Estas
trocas, no entanto, não ocorrem de maneira natural apenas. Interesses políticos,
econômicos e às vezes sociais interferem na dinâmica das paisagens, tornando-as mais
suscetíveis a degradação ou não. Essa degradação pode ser definida como aumento da
entropia, ou seja, perda ou dispersão da energia existente nos elementos que compõe o
sistema. É sob esta perspectiva que objetiva-se neste trabalho comparar o fluxo de energia
entre dois agroecossistemas inseridos no bioma pampa e diferenciados por projetos de
sociedade em disputa, buscando destacar o sistema que mais perde energia em seu
processo produtivo. Um dos agroecossistema refere-se a uma grande propriedade com uma
prática monocultora de plantação de árvores exóticas, mais especificamente de acácia; já o
outro agroecossistema, caracteriza-se por se tratar de uma cooperativa, formada por
agricultores assentados do MST que coletivamente fazem uso dos princípios da
agroecologia, tanto para produção como para seu modo de vida. Através de trabalhos de
campo foi possível a elaboração de dois diagramas comparativos que demonstram a
quantidade de input, o (re)aproveitamento e o (re)investimento da energia e o que
efetivamente é exportado/gerado do sistema. Nesta representação fica nítido que o
agroecossistema que mais sofre perda de energia, que mais necessita de investimento
externo e que proporciona a maior parcela do desequilíbrio e da degradação ambiental,
apesar de seu ambicioso rendimento econômico, é o de lavoura de árvores. Além de
apresentar uma elevada entropia do ponto de vista energético e dos recursos naturais, este
modelo monocultor é responsável por uma grande desorganização social local.