Da geodiversidade ao geoturismo: valorização e divulgação do geopatrimônio de Caçapava do Sul, RS, Brasil
Resumo
A extração dos recursos da geodiversidade para impulsionar o desenvolvimento econômico e o crescimento das sociedades é de longa data. Mas foi somente a partir da década de 90 que a preocupação em cuidar do patrimônio geológico ganhou forças, aproximando estudiosos e interessados na área para avançar na discussão de estratégias de conservação, gestão e desenvolvimento sustentável para as localidades com representativa geodiversidade. Uma das estratégias de geoconservação, que além de promover a preservação também incentiva o desenvolvimento local sustentável, é o geoturismo. Uma atividade desenvolvida sobre os princípios da sustentabilidade, que busca através da interpretação ambiental divulgar os aspectos do geopatrimônio e a importância da sua preservação, e também envolver as comunidades locais neste processo. O aproveitamento das potencialidades geológicas como atrativo turístico, somadas aos aspectos culturais, históricos e à biodiversidade emerge como uma das principais ferramentas no desenvolvimento endógeno de territórios que muitas vezes são excluídos dos processos globalizados devido a suas características. Neste contexto, a presente dissertação tem como questão central analisar o potencial geoturístico do município de Caçapava do Sul, RS, e discutir suas contribuições para a preservação do patrimônio natural, geológico, geomorfológico e cultural, e também para o desenvolvimento local. O município localiza-se na metade sul do Estado, inserido no bioma Pampa, possuidor de uma riquíssima geodiversidade, pois conserva desde ambientes com as rochas mais antigas do Estado, até depósitos recentes associados às dinâmicas atuais. Caçapava do Sul foi a 2ª Capital Farroupilha Rio-Grandense durante a Revolução Farroupilha, aspectos históricos que resultam em traços marcantes da cultura gaúcha. Também foi a Capital do Cobre em meados do século XX devido à exploração do mineral que ocorreu nas Minas do Camaquã, sendo a 1ª mina de exploração de cobre no Brasil. Através do inventário de geossítios foi possível selecionar os 12 com maior potencial turístico, e que melhor representam a geodiversidade caçapavana, sendo eles: Pedras das Guaritas, Toca das Carretas, Pedra do Segredo, Pedra do Leão, Pedra da Guarda Velha, Chácara do Forte, Cascata do Salso, Cerro da Angélica, Cerro do Bugio, Cascata do Pessegueiro, Minas do Camaquã e um potencial mirador da Serra do Segredo. Também foi realizado um levantamento histórico das Minas do Camaquã. Neste sentido, sugere-se a implantação de materiais de interpretação para auxiliar a divulgação dos aspectos referentes à evolução geológica dos locais, bem como a importância da preservação. Além disso, o geoturismo configura-se como mais uma alternativa para o desenvolvimento da região.