O significado da leitura do espaço por intermédio de proposta de letramento cartográfico nos anos iniciais
Resumo
O texto apresentado compreende uma proposta de ensino de Geografia com base no
letramento cartográfico nos anos iniciais considerando o espaço de vivência, o município,
como referência para a leitura dos mapas. Para compreender o aluno e sua capacidade em
construir competências e habilidades na leitura do espaço, a pesquisa baliza seus aportes
teóricos em Piaget. Pensamos um sujeito aluno ativo em modos de agir e pensamento, não
manipulando objetos, mas refletindo que o conhecimento pode ser construído mediante troca
de saberes, seja, aluno e professor, aluno com aluno ou ainda aluno com o espaço. Neste
sentido delineamos como objetivo geral da pesquisa, compreender a necessidade do
letramento cartográfico nos anos iniciais para que os nossos sujeitos alunos, a partir destes
ensinamentos sejam capazes de ler um mapa enquanto síntese do espaço/lugar.
Especificamente (a) reconhecer a importância do ensino e da aprendizagem das noções de
letramento cartográfico por intermédio de experiência e vivência com alunos de escola
pública dos municípios de Porto Alegre e Agudo, (b) estabelecer relações entre o ensino de
Cartografia e a epistemologia genética de Jean Piaget para compreender como ensinar a
cartografia nos anos iniciais, (c) propor práticas metodológicas para auxiliar no letramento
cartográfico partindo da leitura espacial do município por intermédio de oficinas pedagógicas
e também (d) avaliar com base na técnica de abordagem da pesquisa participante o
conhecimento construído por nossos sujeitos alunos durante estas práticas. Ao
estabelecermos estes objetivos situamos como laboratório de pesquisa dois municípios
distantes territorialmente 246 Km, Agudo (RS) e Porto Alegre (RS) em duas escolas públicas,
problematizando as seguintes indagações, levar em consideração o espaço vivido dos alunos
proporciona um aprendizado mais significativo, uma vez que as representações são dotadas de
significado do mundo que vivenciamos? Os sujeitos mesmo não dispondo do mesmo tempo
subjetivo (inserção ou não da tecnologia informacional e manipulação de distintos objetos
informacionais) por mais que vivenciam o mesmo tempo cronológico possuem distintas
leituras espaciais? A diversidade dos elementos e a complexidade do espaço estudado
interferem na forma de percebê-lo e assim compreendê-lo, uma vez que trabalharemos
representações espaciais com crianças do 4° ano do ensino fundamental em dois municípios,
Agudo e Porto Alegre? No desenvolvimento das oficinas observamos um processo de
letramento no qual a cartografia escolar foi além de uma decodificação de cores e símbolos,
possibilitando uma leitura reveladora de histórias, sujeitos e movimentos. A abordagem
metodológica da pesquisa participante utilizada foi fundamental para apreender as
subjetividades dos sujeitos envolvidos. Os alunos apresentaram diferenças marcantes na
leitura do espaço. Tal fato está relacionado as experiências de cada um, que provém, entre
outros fatores, do espaço vivido deles.