Ao sul do Brasil oitocentista: escravidão e estrutura agrária em Caçapava 1821-1850
Resumo
O presente trabalho se insere na área de concentração História, Cultura e Poder , linha de pesquisa Integração, política e fronteira , do mestrado em História da UFSM. Está ligado ao projeto Hierarquia Social, Trabalho e Família na fronteira meridional do Brasil (século XIX) . O objetivo da pesquisa é fazer uma análise das características sócio-econômicas do universo agrário de Caçapava, na província do Rio Grande do Sul, na primeira metade do século XIX, com ênfase no estudo da mão de obra escrava. As principais fontes empregadas são os inventários post mortem e o período abordado estende-se entre 1821 e 1850. Realizou-se, também, um diálogo bibliográfico com estudos sobre História Agrária e escravismo. Neste debate, analisamos os estudos produzidos nos últimos anos com o fim de discutir os conceitos fundamentais para o trato com as fontes do universo social e econômico que se pretende abordar. Esta discussão permitiu compreender algumas das especificidades locais, como a intensidade e as características da utilização da mão de obra escrava. A análise das fontes documentais aponta a existência de escravos crioulos, mas também de africanos, o que revela uma ligação com o tráfico transatlântico, ainda que se tratasse de uma região com predominância de uma pecuária de média e pequena escala, além de ser voltada para o mercado interno. De fato, grande parte dos produtores e senhores de cativos, eram criadores de gado. Entre eles, havia uma considerável concentração de terras e animais nas mãos de poucos. Entretanto, ao lado desse pequeno grupo concentrador de recursos, havia uma miríade de pequenos produtores, muitos também senhores de escravos. Portanto, sinalizamos para um universo social mais complexo do que aquele geralmente descrito nas obras que tratam do contexto local neste período.