Morfologia e imunoistoquímica dos carcinomas de células escamosas alimentares associados ao consumo de Pteridium aquilinum em bovinos
Resumo
Aspectos morfológicos, incluindo proliferação celular, e imunoistoquímicos de 40 carcinomas de células
escamosas (CCEs) do trato alimentar superior de bovinos que consumiram samambaia (Pteridium aquilinum)
espontaneamente foram estudados, visando principalmente determinar os fatores que influenciam o
comportamento biológico destes neoplamas. Os aspectos analisados incluíram localização anatômica dos CCEs,
grau de diferenciação celular, ocorrência e distribuição de metástases, padrões de migração e invasão,
intensidade do infiltrado inflamatório linfoplasmocítico (IILP), da reação desmoplásica e da eosinofilia tecidual
associada a tumores (TATE), e o índice de proliferação celular avaliado através da contagem das regiões
organizadoras nucleolares argirofílicas (AgNORs). Quanto a localização anatômica, 42% dos CCEs localizaramse
na região cranial, 12,5% na média e 45% na caudal do trato alimentar superior (TAS). Os CCEs foram
classificados quanto ao grau de diferenciação celular em bem (CCE-BD [67,5%]), moderadamente (CCE-MD
[20%]) ou pouco diferenciados (CCE-PD [12,5%]). Quando relacionado o grau de diferenciação celular com a
localização no TAS, verificou-se que na região cranial 88,2% eram CCEs-BD e 11,8% eram MD; na região
média, 60% eram BD, 20% eram MD e 20% eram PD; na região caudal, 50% eram BD, 27,8% MD e 22,2% PD.
Metástases ocorreram em 57,75% dos casos, principalmente para linfonodos regionais, e foram observadas em
58,82% dos CCEs na região cranial, em 40% dos da região média e em 61,11% dos da região caudal. Metástases
para linfonodos regionais e/ou órgãos distantes foram encontradas em 44,44% dos CCEs-BD, em 75% dos MD e
em 100% os PD. Foram analisados os padrões de migração e invasão com o auxílio da técnica de
imunoistoquímica para citoqueratina. Nos CCEs-BD predominaram os padrões em ilhas e fitas de queratinócitos
neoplásicos; nos MD os padrões variaram muito porém predominaram os agregados pequenos, fitas e cordões;
nos PD predominaram os agregados e as células individuais. Invasão vascular linfática e/ou sangüínea foram
observadas em 11/40 CCEs. Foram observados CCEs originando-se do epitélio dos ductos das glândulas
salivares, aspecto este que não havia sido relatado anteriormente. Observou-se que a intensidade do IILP era
muito mais acentuada nos CCEs-BD que nos MD e PD. A intensidade da reação desmoplásica foi quantificada
através da imunistoquímica para vimentina e foi muito mais acentuada nos CCEs-PD. A TATE foi medida nos
CCEs quanto à intensidade em leve, moderada ou acentuada. A única associação positiva estatisticamente
significativa foi estabelecida entre a intensidade da TATE e a do IILP. A proliferação celular foi avaliada
quantitativamente através da contagem das regiões organizadoras nucleolares argirofílicas (AgNORs) nos
queratinócitos neoplásicos. A média e o desvio padrão (±DP) de AgNORs nos CCEs BD foi de 1,65 (±0,23), nos
MD de 1,88 (±0,31) e nos PD foi de 2,39 (±0,26). A correlação entre o índice de AgNOR e cada grau de
diferenciação celular foi estatisticamente significativa. Concluiu-se que os fatores que influenciaram no
comportamento biológico dos CCEs foram o grau de diferenciação celular, os padrões de migração e invasão, a
IILP, a TATE e da reação desmoplásica e o índice de proliferação celular avaliado através da contagem das
AgNORs.