Cirurgia torácica video assistida sem intubação seletiva com acesso modificado para sutura do esôfago caudal em cães
Resumo
O objetivo deste trabalho foi avaliar a efetividade de duas técnicas de esofagorrafia através de cirurgia toracoscópica vídeo assistida sem o uso de intubação seletiva em cães. Foram utilizados oito animais clinicamente saudáveis, divididos em dois grupos. As toracotomias foram feitas do lado direito do tórax, acessando o esôfago caudal. Nos animais do grupo 1 a triangulação dos portais seguiu orientação da técnica original de Freeman et al (1999). Já nos animais do grupo 2 houve algumas modificações na localização dos portais. A esofagotomia foi realizada e a esofagorrafia foi feita com fio poliglactina 910, padrão contínuo simples em plano único, abrangendo todas as camadas. Foi feito esofagograma aos três e aos dez dias de pós-operatório para avaliação de complicações relacionadas às cirurgias. A esofagorrafia foi possível de ser realizada em ambos os grupos. Em duas cirurgias do grupo 1 houve a manipulação excessiva dos fios na hora da sutura resultando no rompimento dos mesmos necessitando reinício das suturas. Este mesmo problema ocorreu em um dos animais do grupo 2. A falta intubação seletiva não foi essencial ao procedimento, apesar de algumas manobras terem sido dificultadas pela presença dos pulmões no campo cirúrgico, principalmente nos animais do grupo 1. Em um animal do grupo 2 foi necessária conversão para toracotomia devido a hemorragia, que não foi relacionada a problemas da técnica. No pós-operatório dois animais desenvolveram pneumonia. Os estudos radiográficos realizados demonstraram que não houve extravasamento de conteúdo na cavidade torácica. Todos os animais sobreviveram às cirurgias e foram doados após o período de observação. A interação entre os portais foi mais vantajosa nas cirurgias do grupo 2. Nas cirurgias do grupo 1 houve uma certa dificuldade para as manobras de sutura devido a angulação dos portais. Concluiu-se que para esofagorrafia por cirurgia torácica vídeo assistida da porção caudal do esôfago as duas técnicas são efetivas, e a técnica modificada apresenta vantagens por propiciar melhor interação entre os instrumentos e ambas as técnicas são efetivas sem a necessidade de intubação seletiva.