Manejo reprodutivo e sanitário na bacia leiteira da região central do Rio Grande do Sul
Resumo
O crescimento da bovinocultura de leite se deve as pesquisas realizadas com aplicação prática no campo. O objetivo deste estudo foi avaliar a relação dos sistemas de produção com a eficiência reprodutiva e a qualidade do leite dos rebanhos na região central do RS/Brasil. No primeiro estudo, os dados de 150 matrizes da raça holandesa foram analisados para verificar se os sistemas de produção empregados nas propriedades facilitam a ocorrência de doenças no pós-parto (até 45º dia de lactação), assim como o efeito do sistema especializado (n=50), semi-especializado (n=50) e não-especializado (n=50) de produção sobre a taxa de prenhez após a primeira inseminação artificial (IA). Os resultados revelaram menor taxa de prenhez nos animais doentes pós-parto e a ocorrência de doença pós-parto diminuiu a taxa de concepção (P=0,0011). A incidência de infecção uterina pós-parto (49%) foi superior à incidência de animais com mastite (30%). Todas as enfermidades contribuíram para atraso na concepção quando comparadas vacas sadias e com doenças pós-parto (P<0,001). Desta forma, nenhum dos sistemas de produção demonstrou ser um eficiente modelo de prevenção de doenças pós-parto. Concomitantemente realizou-se um estudo para verificar a qualidade do leite produzido em propriedades com diferentes sistemas de produção, estações do ano e padrões da Instrução Normativa 51/2002(IN51) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Amostras de leite bovino de tanque (n=69) e individuais (n=3517) foram coletadas em propriedades classificadas por sistemas de produção: especializado (ES, n=3), semi-especializado (SE, n=5) e não-especializado (NE, n=7). Analisou-se a composição, contagem de células somáticas (CCS) e nitrogênio uréico (NU) do leite. Amostras de tanque padrão IN51 resultaram em 42% (n=29/69) no geral (média de CCS 604,9 mil células mL-1), 70% no ES (n=14/20), 39% no SE (n=9/23), 23% no sistema NE (n=6/26) e 50% no outono (n=8/16). No geral, 11% (n=375/3517) das amostras individuais (média de CCS 689,0 mil células mL-1), 15% no inverno (n=99/675) e 11% nos três sistemas de produção atenderam a IN51. Amostras de tanque apresentaram similaridade entre os sistemas nos parâmetros gordura, proteína, sólidos totais e CCS. Amostras individuais foram similares apenas na CCS. Lactose, CCS e NU nas amostras de tanque entre as estações do ano foram similares. A média de CCS no SE e ES foi inferior ao NE, no entanto no outono ultrapassou o limite da IN51. Houve aumento no NU (P<0,001) no ES. Na primavera, 48% das amostras individuais e no verão 42% dos tanques apresentaram NU entre 11-16 mg dL-1. As análises individuais podem ser utilizadas para controle e melhoria da qualidade do leite.