Parâmetros de estresse oxidativo no sangue, fígado e rins de ratos diabéticos tratados com curcumina e/ou insulina
Abstract
O diabetes mellitus (DM) é um importante problema de saúde que afeta a população humana e é
comumente observada na clínica de pequenos animais. Diversos estudos relatam que a hiperglicemia é a
principal causa das complicações do DM, tais como catarata, nefropatia e neuropatia. A hiperglicemia
causa a geração de espécies reativas de oxigênio (EROs) e aumenta o dano oxidativo de lipídios, DNA e
proteínas em diversos tecidos. O estresse oxidativo está aumentado nas células como resultado da depleção
de enzimas antioxidantes, especialmente a superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT) removedoras de
EROs. A curcumina é o principal componente da Curcuma longa e tem sido usada tradicionalmente como
antidiabético e há evidências científicas que esse composto apresenta uma alta atividade antioxidante.
Considerando que a dieta faz parte do tratamento do paciente diabético e que a curcumina é um agente
antioxidante, este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos desse composto, associado ou não à
insulinoterapia, sobre os parâmetros de estresse oxidativo em ratos diabéticos induzidos com
estreptozotocina. Em adição, também foi avaliada a histopatologia do fígado e rim dos ratos sadios e
diabéticos tratados com estes compostos. Para isso, os ratos foram distribuídos em seis grupos, cada um
com seis animais: grupo controle (C), grupo controle curcumina (CCur), grupo diabético (D), grupo
diabético curcumina (DCur), grupo diabético insulina (DIns) e grupo diabético insulina e curcumina
(DInsCur). A curcumina foi diluída em óleo de milho e administrada na dose de 60mg/kg, uma vez ao dia e
a insulina aplicada a cada 12 horas nas doses de 1,5UI/rato pela manhã e 2,5UI/rato à tarde por um período
de 30 dias. Nos grupos D e DCur, a análise histológica do fígado mostrou número elevado de hepatócitos
binucleados e alterações nas trabéculas. Nos rins, havia vacuolização das células tubulares, congestão
glomerular e focos inflamatórios mononucleares. O tratamento com insulina reduziu as lesões renais e
hepáticas dos grupos DIns e DInsCur. Os níveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS)
apresentaram-se elevados no soro dos grupos D e DInsCur e nos tecidos hepático e renal do grupo D
(P<0,05). A atividade da CAT foi baixa no fígado e rins dos grupos D, DIns and DCur; também houve um
aumento significativo na atividade desta enzima nos rins do grupo DInsCur. Já no sangue, a atividade da
CAT foi alta nos grupos D e DInsCur (P<0,05). A atividade da SOD no sangue estava reduzida nos grupos
D e DInsCur e aumentada nos grupos DIns e DCur (P<0,05), já no fígado, a atividade da SOD estava
aumentada nos grupos D e DInsCur. A atividade da enzima delta-aminolevulinato desidratase (δ-ALA-D)
estava reduzida no fígado e rins do grupo D e o tratamento com insulina e/ou curcumina preveniu a redução
da sua atividade no tecido hepático dos grupos DIns, DInsCur e DCur e no tecido renal dos grupos DCur e
DInsCur. Dessa forma, observa-se que o tratamento com curcumina ou insulina preveniu o estresse
oxidativo no sangue dos ratos diabéticos, através da modulação das defesa antioxidantes enzimáticas. Em
relação à peroxidação lipídica, ambas substâncias apresentaram efeito benéfico no soro, fígado e rins, com
exceção do soro do grupo DInsCur, revelando um efeito negativo quando a curcumina e a insulina foram
associadas. Com esta investigação, foi possível demonstrar a importância do uso da insulina como
tratamento de eleição do DM, visto que este fármaco foi capaz de prevenir danos celulares nos órgãos
avaliados histologicamente. Além disso, este estudo contribuiu para a compreensão de que antioxidantes
provenientes de plantas medicinais, como a curcumina, podem ser utilizados como adjuvantes no
tratamento desta endocrinopatia e não como terapia isolada.