Estudo retrospectivo de lesões hepáticas crônicas em cães
Resumo
Os protocolos de necropsias de cães realizadas no Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria entre 1964 e 2003 foram revisados à procura de lesões hepáticas crônicas. Do total de 4.899 cães necropsiados foram encontradas 306 (6,2%) dessas lesões, que foram classificadas como lesões inflamatórias (4,2%), lesões
degenerativas (26,8%), distúrbios circulatórios (23,2%) e tumores (45,8%). Os tumores foram a condição mais comum encontrada nesses cães, e dentre esses, os tumores primários foram os mais freqüentes (43,8%). Colangiocarcinoma foi o tumor primário mais observado (50,0%). Dentre os tumores multicêntricos, o linfoma foi o mais comumente descrito nesses cães (75,0%). Dentre os tumores metastáticos, leucemia e carcinoma mamário foram os mais prevalentes (20,0%). Hiperplasia nodular foi encontrada em 44 (31,4%) cães. Excluindo-se os tumores, a cirrose hepática (26,1%) foi a doença mais importante encontrada nesses cães. Ascite (48,7%) e icterícia (23,7%) foram os sinais clínicos associados à cirrose observados com maior freqüencia. Nos casos em que a enzima alanina aminotransferase foi avaliada, estava elevada em todos os cães com cirrose. Transudato puro foi encontrado em todos os cães com cirrose em que o líquido ascítico foi avaliado. Em 14 cães com cirrose as alterações histológicas foram revistas e a intensidade da fibrose foi dividida em três categorias: fibrose acentuada (grupo 1), fibrose moderada (grupo 2) e fibrose leve (grupo 3). A maioria desses cães (57,2%) apresentou fibrose leve. Outras alterações histológicas observadas nesses casos, em ordem decrescente de freqüência, foram degeneração gordurosa (71,4%), inflamação (71,4%), hemossiderose (64,3%), proliferação de ductos (50,0%), bilestase (42,8%) e necrose de coagulação (35,7%). Fígado com aspecto semelhante à, secundário à insuficiência cardíaca congestiva, foi encontrado em 69 (22,5%) cães. Nos casos em que o líquido abdominal foi avaliado, transudato modificado foi encontrado em todos os cães com insuficiência cardíaca congestiva que apresentaram fígado com aspecto semelhante à noz-moscada