Expressão de coerção em assistência de pacientes atendidos num hospital universitário
Resumo
Este trabalho aborda a percepção de coerção, por parte do paciente, no processo de
consentimento livre e esclarecido o qual se constitui como elemento importante na área da
saúde. A percepção de coerção pode estar associada a essa prática de modo que o sujeito
perceba que não foi capaz de expressar sua vontade com relação ao seu tratamento.
Buscou-se avaliar se o paciente percebeu-se capaz de expressar sua opinião no
processo de autorização para a realização de procedimentos assistenciais e compreender os
fatores envolvidos nesta percepção, de acordo com estes sujeitos. Também utilizou-se
instrumentos de avaliação do nível de alfabetismo funcional e desenvolvimento psicológicomoral
a fim de melhor compreender os fatores envolvidos na tomada de decisão em
assistência à saúde.
O presente trabalho constituiu-se em um estudo transversal, onde foi aplicada a Escala
de Expressão de Coerção em Assistência, o Instrumento de Avaliação do Desenvolvimento
Psicológico-moral e o Instrumento de Avaliação de Alfabetismo Funcional em duas amostras:
uma constituída de 143 pacientes ambulatoriais e outra de 142 pacientes internados no
HUSM. Utilizou-se também a técnica de entrevista semi-estruturada para poder compreender
os fatores que levaram os pacientes a indicar desconforto ao expressar-se. Estes sujeitos
constituem uma sub-amostra, sendo composta por 6 dos sujeitos os quais responderam aos
questionários citados anteriormente e apresentaram algum grau de expressão de coerção na
escala aplicada com a finalidade de avaliar este dado.
Nos resultados encontrados, os dados relativos a esta medida não se diferenciam entre
as amostras, e indicam um nível baixo de percepção de coerção ao expressar-se. Foi
observado que os sujeitos da pesquisa, em sua maioria, encontram-se no nível
consciencioso da escala de desenvolvimento psicológico-moral. Em ambas as amostras
houve prevalência do nível rudimentar de alfabetismo funcional. Na sub-amostra entrevistada
pode-se observar que a identificação, pelo paciente, de que não teve voz no tratamento parece
interligada ao fornecimento de informação, às vivências junto ao hospital, e ainda a elementos
como o tempo de vinculação à instituição, à gratidão e ao modo como as vivências foram
integradas psiquicamente pelo sujeito.