"Luz no fim do túnel": a qualidade de vida e o autocuidado nas vivências dos enfermeiros com pacientes em risco ou processo de morte
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2016-02-15Metadatos
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O cuidado de si não se trata apenas de criar formas de enfrentamento, mas de tornar-se um
sujeito de ações políticas, ou seja, a relação com o mundo deve ser baseada na inicial reflexão
sobre si, conhecendo suas próprias capacidades e limites, para, posteriormente, agir
circunstanciadamente sobre o mundo. O enfermeiro encontra barreiras para por em prática sua
reflexão sobre si e o autocuidado, principalmente no que tange à atenção hospitalar e o
trabalho no contexto de morte. Nesse sentido, este estudo objetivou compreender o
significado atribuído pelos enfermeiros sobre suas vivências de autocuidado em seu trabalho
com pacientes em risco ou processo de morte, em um serviço hospitalar de hemato-oncologia.
Tratou-se de um estudo clínico-qualitativo. Participaram do estudo 06 enfermeiros da unidade
hemato-oncológica de um hospital universitário, contemplando os setores de ambulatório
quimioterápico e internação infantil. Foram desenvolvidas entrevistas individuais a partir de
um roteiro estruturado semidirigido, utilizando-se da saturação teórica como estratégia para
delimitar a quantidade de participantes. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa sob o número CAAE 40608715.9.0000.5346. Os artigos de 01 e 02 são oriundos de
reflexões teóricas acerca dos temas e o artigo 03 tratou de uma metassíntese qualitativa que
fundamentou a análise dos resultados de campo. As categorias oriundas da análise dos dados
são descritos e discutidas nos artigos 04 e 05 deste trabalho. A partir da análise dos resultados,
pôde-se destacar a importância do trabalho com pacientes em risco ou processo de morte
como gerador de angústias ao enfermeiro e, ainda, como estas angústias podem ser potenciais
fontes de reflexão sobre si. Não encontrar no trabalho fontes de motivação ou referências de
qualidade de vida, torna o enfermeiro vulnerável ao sofrimento no momento da morte ou na
construção do vínculo com o paciente. A desesperança surge, por vezes, com tal peso que o
risco de atentar à própria vida se torna real. Um dos grandes motivos é a pressão moral que o
enfermeiros sofre para desenvolver e trabalhar com um saber-poder, o que causa angústia
quando se depara com a situação de morte do paciente, que escancara o seu não-saber. O
contraponto que foi percebido é o incentivo à fala e à escuta deste enfermeiro, tornando-o
apto a pensar a sua pratica e a desenvolver aprendizados e estratégias reflexivas de agir sobre
seus dramas. Dessa forma o enfermeiro poderá desenvolver uma forma singular de lidar com
o sofrimento e desenvolver as próprias potências, fugindo da moralização da sua prática que
lhe é constantemente imposta. A partir dessas discussões, é possível inferir que é a partir dos
fatores que causam sofrimento ao enfermeiro que o seu processo de reflexão sobre si pode ser
iniciado. Iniciado como forma de resistência, percebendo que algo além do processo de
cuidado rigidamente sistematizado pode e deve ser pensado.