Concentrado proteico de farelo de arroz como substituto da farinha de peixe em dietas para juvenis de jundiá (Rhamdia quelen)
Abstract
Nosso estudo testou a inclusão do concentrado proteico de farelo de arroz (CPFA) em dietas contendo farinha de peixe, visando reduzir seu uso na alimentação de jundiás (Rhamdia quelen). Foram avaliados parâmetros de crescimento, composição corporal, deposição de nutrientes, respostas metabólicas e atividades de enzimas digestivas. O CPFA foi obtido do Laboratório de Piscicultura da Universidade Federal de Santa Maria, RS. Durante 45 dias, 500 juvenis de jundiá com peso médio inicial de 6,28 ± 0,12 g foram distribuídos aleatoriamente em 20 tanques circulares de polietileno (280 L cada), conectados a um sistema de recirculação de água termorregulado dotado de tanque de decantação, dois filtros biológicos, reservatório de água e filtro ultravioleta. Os peixes foram alimentados três vezes ao dia às 9h:00, 13h:00 e 17h:00, até a saciedade aparente com dietas contendo níveis crescentes de inclusão do CPFA (10, 15, 20, e 30%). Ao final do estudo, foram avaliados parâmetros de crescimento, composição corporal, deposição de nutrientes, índices digestórios, atividades das enzimas tripsina e quimotripsina, parâmetros plasmáticos e hepáticos. Os dados foram submetidos a teste de normalidade e análise de variância e as médias foram comparadas com o controle por teste de Dunnett, exceto para ganho de peso (GP) e taxa de crescimento específico (TCE) que foram calculados por análise de regressão cúbica. As diferenças foram consideradas significativas a um nível de probabilidade de P<0,05. Não foram observadas diferenças significativas para composição corporal, conversão alimentar aparente, atividade de enzimas digestivas e parâmetros plasmáticos dos peixes alimentados com as dietas experimentais. Foram encontrados menor peso final e fator de condição nos peixes alimentados com as dietas CPFA10 e CPFA15, além da menor deposição de proteína corporal e consumo diário de ração na dieta CPFA10. Os parâmetros de crescimento GP e TCE ajustaram-se (P = 0,003 e P = 0,004) ao modelo de regressão cúbica, indicando o nível ideal de inclusão do CPFA na dieta para o máximo crescimento (25,01% e 25,07%, respectivamente). Os peixes alimentados com a dieta CPFA30 apresentaram menor taxa de eficiência proteica e índice hepatossomático, além de maior atividade da enzima alanina aminotransferase. Com base nos resultados obtidos, é possível observar que a inclusão de 20% de CPFA na dieta não alterou nenhum dos parâmetros analisados neste estudo, demonstrando desempenho de crescimento numericamente superior ao controle e as demais dietas, demonstrando a significativa qualidade nutricional do CPFA. Portanto, a inclusão de 20% de CPFA pode ser utilizada em dietas para jundiás, como ingrediente proteico alternativo para reduzir o uso da farinha de peixe.