Parâmetros hematológicos e toxicológicos em amostras de sangue de doadores fumantes e efeitos da nicotina in vitro
Fecha
2006-10-31Autor
Silva, Valério Batista Melo da
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Os serviços de Hemoterapia no Brasil são regulados de acordo com a RDC- 153/2004. Em geral, os fumantes apresentam HT e níveis de Hb dentro dos valores de referência para a doação de sangue. Considerando que os valores de referência estão em uma faixa muito ampla, este trabalho estudou a qualidade do sangue utilizada para a doação em relação a alguns parâmetros hematológicos e em relação à atividade das enzimas sangüíneas, PBG-sintase e colinesterase. Além disto,
também se investigou a sensibilidade destas enzimas à nicotina in vitro. Este estudo pode ajudar a esclarecer o possível uso destas enzimas como biomarcadores a este
agente desde que as mesmas são sensíveis a compostos oxidantes e inseticidas, respectivamente. Para os experimentos in vivo, trinta amostras de sangue foram
divididas em três grupos de acordo com o hábito de fumar dos doadores: NF - não fumante, F10 fumante de 10±5 cigarros/dia e F20 - fumante de 20 ou mais cigarros/dia. Para os experimentos in vitro, somente as amostras de doadores não fumantes foram usadas. Os resultados demonstraram que os níveis de HT e de Hb do grupo F20 foram significativamente mais elevados do que os dos outros grupos. Os níveis de COHb foram significativamente mais elevados em ambos os grupos de fumantes (F10 e F20) do que no grupo controle (NF). Com relação à PBG-sintase e a colinesterase, o hábito do fumar não alterou suas atividades. O grupo F20 apresentou uma pequena diminuição na atividade de PBG-sintase e no índice de reativação. A atividade da colinesterase do grupo F20 foi mais elevada (18%) do que a dos outros grupos, mas não significativamente. Os resultados in vitro demonstraram que para a PBG-sintase, somente as concentrações maiores que 10 mM foram capazes de inibir sua atividade, e o mecanismo envolvido nesta inibição parece não estar relacionado a efeitos oxidantes, uma vez que o DTT não recuperou a atividade. A AChE sangüínea foi mais sensível a nicotina que a colinesterase plasmática, uma vez que as IC50 para suas atividades foram 3 e 22 mM de nicotina,
respectivamente. Tomando os resultados em conjunto, verificou-se que estas enzimas apresentam baixa sensibilidade ao tabagismo e a nicotina. Entretanto, é necessário considerar que todos os ensaios enzimáticos foram conduzidos com concentrações saturantes de substrato, o que não é uma condição fisiológica normal. Este fato é importante principalmente com relação a AChE de sangue, desde que a inibição por nicotina envolve um componente competitivo; assim, a inibição endógena pode ocorrer mesmo sem ser aparente nos testes in vitro. Estes resultados sugerem que mais atenção deve ser dispensada quanto à qualidade do
sangue utilizado nos serviços hemoterapia no Brasil.