Efeito teratogênico do ditelureto de difenila, administrado durante a gestação em ratas e efeito de organocalcogênios sobre a reprodução em ratos machos
Resumo
Os organocalcogênios são importantes intermediários e reagentes utilizados em síntese orgânica e em processos industriais, portanto o risco de intoxicação por exposição ocupacional a estes compostos aumenta. O efeito da administração s.c., única, de ditelureto de difenila ((PhTe)2 ) foi avaliado nos dias 6, 10 ou 17 da gestação de ratas Wistar. No final do período experimental não foram observadas alterações no organismo materno. O (PhTe)2. induziu o aparecimento de malformações fetais, tais como deformações nos membros inferiores e superiores, ausência de cauda ou cauda diminuída, coágulos sangüíneos subcutâneos, exoftalmia, hidrocefalia e presença de cérebro exposto, quando as ratas mães receberam este composto no dia 10 da gestação. Além disso, essa mesma administração reduziu os pesos corporal e cerebral, o comprimento dos rins, as medidas de dimensão corporal e provocou uma taxa de mortalidade fetal de 73%. A administração de (PhTe)2 no dia 17 da gestação induziu o aparecimento de hidrocefalia e edema nos fetos, além de 94% de mortalidade e alterações nas medidas de dimensão corporal fetal. Avaliações histológicas demonstraram as alterações acima descritas. Então, o (PhTe)2 pode ser teratogênico para fetos de rato. Dessa forma, os dois últimos períodos gestacionais em ratas são os períodos críticos para a indução de anormalidades, no modelo experimental estudado. Outro foco deste estudo foi a avaliação do efeito de organocalcogênios sobre o sistema reprodutivo e a fertlidade de ratos machos. Os ratos receberam (PhTe)2 ou disseleneto de difenila ((PhSe)2 ), em doses únicas antes do acasalamento. Sinais clínicos da toxicidade das drogas foram evidenciados pela redução do peso corporal dos ratos. Entretanto, oito dias depois da exposição aos compostos, os índices de acasalamento e fertilidade não foram afetados. Vários parâmetros bioquímicos foram testados nos testículos desses animais, tais como as atividades das enzimas ácido δ-aminolenulínico desidratase e superóxido dismutase, a peroxidação lipídica, o conteúdo de glicogênio e a concentração de ácido ascórbico. Exceto por uma diminuição no conteúdo de glicogênio testicular no grupo tratado com (PhSe)2, não houve alteração nos outros parâmetros bioquímicos estudados. A avaliação histológica revelou que o tecido testicular não sofreu mudanças após a administração das drogas. Baseados nesses resultados, não foi observada toxicidade reprodutiva em ratos machos expostos agudamente ao (PhTe)2 ou (PhSe)2.