Derivados pirazolínicos inéditos causam antinocicepção em camundongos no teste da formalina
Resumo
Os derivados pirazolínicos foram descobertos por volta de 1884 pelo químico alemão Ludwig Knorr, quando ele tentava sintetizar derivados de quinolina com atividade antipirética e, acidentalmente, obteve a antipirina, uma pirazolona com atividade analgésica, antipirética e anti-reumática. Desde então, novos compostos pirazolínicos como a fenilbutazona e a dipirona foram descobertos. O derivado pirazolínico mais estudado até o momento é a dipirona, que apresenta atividade antipirética, analgésica e pouca atividade antiinflamatória. O mecanismo de ação proposto para os compostos pirazolínicos é a inibição da síntese de prostaglandinas, tanto central quanto perifericamente. Nesse trabalho avaliou-se o potencial antinociceptivo e antiedematogênico de dois derivados pirazolínicos inéditos: 4-metil-5-hidróxi-5-trifluormetil-4,5-diidro-1H-1-pirazolcarboxamida (NF0) e seu análogo 3- metil-5-hidróxi-5-trifluormetil-4,5-diidro-1H-1-pirazolcarboxamida (NF2). O potencial antinociceptivo foi avaliado nos testes de contorções abdominais induzidas por ácido acético, placa quente, e formalina, em camundongos. A atividade antiedematogênica foi avaliada em ratos, pelo teste de edema de pata induzido por carragenina. Também foi avaliado o efeito dessas drogas sobre a atividade locomotora e exploratória de camundongos. A administração subcutânea do NF0 (30, 100, 300 e 1000 μmol/kg) induziu diminuição do comportamento de lamber a pata na fase neurogênica do teste de formalina, enquanto que somente as duas maiores doses foram capazes de inibir a nocicepção na fase inflamatória desse teste. Por outro lado, o NF2 não apresentou ação na fase neurogênica e foi capaz de inibir o comportamento de lamber a pata, apenas na dose de 1000 μmol/kg, na fase inflamatória. A pré-administração de naloxona (2,75 μmol/kg) não preveniu a antincicepção induzida pelo NF0 e pelo NF2. O NF0 e o NF2 não tiveram efeito antiedematogênico no teste de edema de pata induzido por carragenina, quando administrados numa dose de 200 μmol/kg. Esses compostos, também, não alteraram a atividade motora dos camundongos no teste do cilindro giratório e não modificaram o comportamento dos animais no campo aberto. Esses resultados sugerem que o NF0 induz antinocicepção nas fases neurogênica e inflamatória no teste da formalina, enquanto que o NF2 somente apresenta efeito na fase inflamatória, e que esse efeito não envolve mecanismos opióides. É importante ressaltar que a única diferença estrutural desses compostos reside na posição de um grupamento metila, que no NF0 encontra-se na posição 4 do anel pirazol e no NF2 está na posição 3 do anel, demonstrando uma importante relação estrutura-atividade no efeito antinociceptivo desses compostos.