À procura de sentidos: andando em silêncio
Resumo
Neste trabalho, temos por objetivo refletir sobre como funciona discursivamente o movimento social pós-ditatorial uruguaio Marcha del Silencio, constituindo-se como um discurso que se propõe como parte de um processo de “recuperação” e “(re)construção” de memória coletiva sobre o acontecimento histórico do período ditatorial. Por este viés, buscamos o entendimento para as seguintes questões: Como o discurso deste movimento social significa não apenas o luto, mas a luta e a memória de sujeitos inscritos em uma busca constante por verdade, justiça, memória e nunca mais? Por quais processos discursivos a Marcha del Silencio significa essa “(re)construção” de memória coletiva? Para empreender tal estudo buscamos amparo teórico-metodológico na Análise de Discurso de filiação francesa, tomando como central as reflexões sobre os conceitos de língua, sujeito e história. Na articulação de tais conceitos e no estudo sobre seu funcionamento, encontramos vias para compreensão das noções de discurso e memória, norteadoras de nossa análise. O gesto interpretativo constituído sobre o objeto de interesse se prolonga na a reflexão acerca da a noção de condições de produção do discurso e seu funcionamento em entrelaçamento com o estudo das noções de arquivo e corpus. Tal trajeto de leitura foi essencial para posterior recorte e análise do corpus discursivo, composto por três cartas-convocatórias para as edições da Marcha del Silencio dos anos de 1996, 2005 e 2015, textos dos quais foram recortadas as sequências discursivas mobilizadas no processo analítico. Compreendemos, ao longo do trajeto de reflexão e análise, que o discurso da Marcha del Silencio retoma a memória coletiva para, inscrevendo-a em outra formação discursiva, fazer deslizar sentidos, empreendendo um processo outro para ressignificação da memória.
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