Sobre a (re)produção de conhecimento: reflexões a partir do (dis)curso de Michel Pêcheux
Fecha
2017-02-13Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
No presente trabalho, tenho por objetivo abordar diferentes momentos de formação do conceito de conhecimento para Michel Pêcheux, uma vez que é a partir de suas publicações que compreendo a produção de conhecimento e o discurso sobre ela não como conceitos acabados, com funções únicas e específicas, mas como um processo realizado por sujeitos constituídos de memória, dotados de um inconsciente, interpelados pelas Formações Ideológicas e inscritos em dadas Formações Discursivas. É a partir da relação que estabeleci com as questões da língua, da história e da produção de conhecimento que cheguei à formulação da minha questão de pesquisa: como se dá o processo de produção de conhecimento sobre a Ciência (na) Linguística em escritos de Michel Pêcheux? Desse questionamento inicial, ainda destacaria outras questões: como o sujeito fala e é falado quando versa sobre a produção de conhecimento? Quais as possíveis relações de sentido que se estabelecem entre os textos de Pêcheux produzidos em meados dos anos 1960 e os seus trabalhos posteriores? A Análise de Discurso foi, nessa esteira, o embasamento teórico-metodológico que contribuiu com as reflexões as quais meus questionamentos iniciais pontuavam, e o discurso de Michel Pêcheux sobre a ciência veio a ser também o meu objeto de análise, já que construí, no presente trabalho, um discurso sobre o discurso – a partir de um discurso específico. Estou em um processo de procura de uma certa historicidade que permeia a produção de conhecimento, sendo que esse processo constitui-se e constituiu-me enquanto sujeito da/na Ciência (na) Linguística. Nesse viés, eu não poderia fugir nem dos atravessamentos político, social e histórico aos quais me submeto enquanto sujeito que se importa com as questões da linguagem, nem das inquietações que me interpelam teórica e ideologicamente, e a minha escrita em primeira pessoa também reforça as ideias teóricas aqui mobilizadas. O discurso representa sempre uma tomada de posição do sujeito frente à língua, à história, à memória e à ideologia; isto é, enquanto pesquisadora, estas minhas palavras representam não só o modo como significo com o discurso, mas também o modo como o meu discurso me significa. Nesta dissertação, busquei estabelecer relações entre o que foi produzido por Michel Pêcheux na década de 1960 e o que é posterior, mas isso não significa que eu tenha tomado todas as publicações e sim que acesso parcialmente alguns textos desse período com uma proposta particular de leitura. Ao final deste trabalho, concluo que a produção de conhecimento depende da reprodução de práticas, a fim de constituir discurso(s) e sentido(s) sempre em movimento, atravessados pelos dizeres já-ditos que permeiam o interdiscurso. E, assim sendo, o âmbito discursivo permite aproximar a produção de conhecimento, tal como a observado nos estudos de Michel Pêcheux, do movimento de “ruminação” proposto por Fenoglio (2013), uma vez que compreendo a instância de um processo de desenvolvimento de saberes estabilizados a partir de um ir e vir da teoria; o discurso em movimento possibilita a atualização do dizer, mas não parte de mera repetição, uma vez que essas são fases necessárias à produção de conhecimento.
Colecciones
El ítem tiene asociados los siguientes ficheros de licencia: