Detecção e caracterização molecular de Sarcocystis spp. em tecidos de ovinos abatidas em frigoríficos no Sul do Brasil
Resumo
Sarcocystis spp. são coccídeos, intracelulares obrigatórios, de ciclo heteróxeno, que são capazes de infectar uma gama grande de hospedeiros. Dentre as espécies de Sarcocystis, existem algumas diferenças em relação ao ciclo e patogenicidade, porém a formação de cistos teciduais é uma característica comum dentro do gênero. Em ovinos, as espécies de Sarcocystis que comumente estabelecem infecção são: Sarcocystis tenella e Sarcocystis arieticanis que apresentam a característica de formar cistos microscópicos e podem causar doença clínica ou infecção subclínica nesses animais, e Sarcocystis gigantea e Sarcocystis medusiformis formam cistos macroscópicos e apesar de não apresentarem potencial patogênico, podem acarretar relevantes perdas econômicas relacionadas a condenações de órgãos e carcaças em frigoríficos. As duas primeiras espécies apresentam canídeos como hospedeiros definitivos, enquanto as duas últimas tem como hospedeiros definitivos os felídeos. A sarcocistose é uma infecção disseminada por todo o mundo, apresentando altas taxas de ocorrência principalmente em países em desenvolvimento. No Brasil apesar de alguns estudos já demostrarem a presenças de Sarcocystis nos ovinos, os dados ainda são escassos e a epidemiologia da doença ainda é pouco conhecida. Tendo em vista a importância da infecção por Sarcocystis spp. nos ovinos, e a fim de preencher as lacunas existentes sobre essa questão este trabalho foi desenvolvido com intuito de pesquisar a ocorrência de Sarcocystis spp. em ovinos abatidos em Santa Maria e em Santiago, bem como, verificar a presença de DNA de Sarcocystis spp. nas amostras avaliadas, e identificar as espécies de Sarcocystis spp. nas amostras através da técnica de sequenciamento genético. Para a realização da reação de PCR foi selecionado o gene 18S rDNA, seguido de sequenciamento de amostras para identificar as diferentes espécies de Sarcocystis spp. Das 130 amostras analisadas, 10 foram positivas para presença de cistos macroscópicos, onde através da PCR se constatou S. gigantea, e este resultado foi confirmado pelo sequenciamento genético. Enquanto, cistos microscópicos foram encontrados em 125 animais, onde a PCR identificou a presença de S. tenella. Destas 125 amostras, 10 foram submetidas ao sequenciamento genético que confirmou a presença de S. tenella. A frequência de cistos microscópicos foi alta, embora esse não seja um dado surpreendente. Os cistos macroscópicos foram encontrados apenas no esôfago. Este trabalho traz a primeira confirmação molecular da presença de S. gigantea no Brasil.
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