Hidrogeoquímica do fluoreto em porção da zona de afloramentos do Sistema Aquífero Guarani na região central do estado do Rio Grande do Sul
Resumo
Este trabalho investigou o comportamento hidrogeoquímico de águas subterrâneas com anomalias de fluoreto (F-) e sua associação com tipos hidroquímicos em uma porção da Zona de Afloramentos (ZA) do Sistema Aquífero Guarani (SAG). A área piloto selecionada para a pesquisa compreendeu os municípios de Restinga Seca, Agudo, Paraíso do Sul e Novo Cabrais, em uma área de aproximadamente 2.034 km², localizada na região da Depressão Central do Estado do Rio Grande do Sul, sul do Brasil. A partir da compilação e da coleta de dados hidroquímicos, o estudo apresenta uma abordagem que utiliza a integração de análises geoestatísticas e geoquímicas, objetivando a identificação e a quantificação de fenômenos que possam estar interferindo no quimismo da água subterrânea. Nesse contexto, realizou-se o modelamento hidrogeoquímico por intermédio do código de modelagem PHREEQC 3.3.5, buscando-se indícios de saturação mineral e sua relação com a força iônica. Assim, foi possível observar que as ocorrências de anomalias de fluoreto nos municípios da área de estudo são altamente salinizadas (devido aos aumentos das concentrações de sódio, cloreto e sulfato). A classificação hidroquímica teve predominância de águas cloretadas sódicas seguidas de sulfatadas sódicas e bicarbonatadas sulfatadas cloretadas sódicas. Os parâmetros boro e bromo total, avaliados por espectrometria de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado (ICP-OES), apresentaram teores significativos, sendo que o boro mostrou correlação estatística positiva com o fluoreto. A análise de fluxo subterrâneo aliado ao traçado de lineamentos morfoestruturais, permitiu avaliar a ocorrência de grandes blocos tectônicos formados pelos rios Vacacaí, Vacacaí-Mirim e Jacuí, possuindo um controle tectônico rígido com lineamentos predominantes segundo as direções N-60-70-E e N-20-50-O. Os resultados foram analisados pelas principais direções de lineamento e de fluxo, o que permitiu determinar características de dissolução mineral de rochas carbonáticas até a sua saturação, onde posteriormente precipitam no meio subterrâneo onde a água é mais salinizada. Os haletos halita e silvita mostraram tendências de dissolução ao longo dos transectos traçados, indo em direção ao equilíbrio mineral. O mineral fluorita, por sua vez, apresentou subsaturação com tendências ao equilíbrio e, possivelmente, precipitação nas águas mais salinizadas. A metodologia aplicada permitiu extrair informações para uma melhor compreensão da dinâmica hidrogeoquímica de águas salinizadas e suas interações água/rocha em porção da ZA do SAG, constituindo, assim, como um material de apoio à pesquisa de ocorrência de anomalias de fluoreto em águas subterrâneas e para práticas de gerenciamento desse importante sistema aquífero.
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