Oportunidades do ambiente domiciliar para o desenvolvimento motor de crianças verticalmente expostas ao HIV
Resumo
O desenvolvimento motor infantil pode ser influenciado por fatores biológicos e ambientais. Dentre os biológicos está a exposição vertical ao vírus da imunodeficiência humana (HIV) e os ambientais, aqueles proporcionados pelo domicílio no qual a criança encontra-se inserida. Assim, considerando o ambiente domiciliar da criança verticalmente exposta ao HIV, o objetivo foi avaliar as oportunidades do ambiente domiciliar para o desenvolvimento motor de crianças verticalmente expostas ao HIV, de três a 18 meses de idade, em acompanhamento em serviço de saúde. Estudo transversal realizado no Sul do Brasil entre dezembro de 2015 a setembro de 2017 com 83 cuidadores familiares dessas crianças mediante caracterização do ambiente, sociodemográfica e clínica do cuidador familiar e da criança exposta. O instrumento Affordances in the home environment for motor development - Infant Scale foi utilizado para mensurar a quantidade e qualidade das oportunidades do ambiente quanto ao espaço físico, variedade de estimulação, brinquedos para motricidade fina e grossa e pontuação total. Inserção dos dados no programa Epi-info® e análise estatística no R, com frequência absoluta e relativa, correlação de Pearson e Spearman e regressão linear simples, com nível de significância de 5%. Todos os aspectos éticos foram respeitados. O ambiente foi caracterizado por casas (94%), com até dois quartos (72,3%) com um a dois adultos (74,7%) e uma a duas crianças (65,1%), das quais a maioria não frequenta creche (84,3%). Os cuidadores familiares caracterizam-se de mulheres (97,6%), com HIV (95,2%) idade de 27 a 36 anos (50,6%), escolaridade ensino médio (53,0%) e desempregadas (65,1%). As crianças nasceram a termo (71,1%), sem problemas de saúde (78,3%) e não possuem irmãos expostos ao HIV (60,2%). As oportunidades foram classificadas como moderadamente adequada para ambas as crianças, menores de um ano de idade (23,11) e maiores de um ano de idade (31,45). A variável significativa com influência positiva para oportunidade de espaço físico foi renda (p = 0,007 e p = 0,011). Variedade de estimulação mostrou associação positiva com possuir irmão exposto ao HIV (p = 0,006 e p = 0,009) e quanto maior a idade do cuidador (p = 0,019 e p = 0,049) e da criança (p ˂ 0,001 e p = 0,001) maior esta oportunidade. Conforme aumenta a renda (p = 0,008 e p = 0,005) e a idade da criança (p = 0,014 e p = 0,005) aumenta a oportunidade de brinquedos de motricidade grossa, enquanto brinquedos de motricidade fina manteve associação somente com idade da criança (p = 0,050 e p = 0,032). Na regressão, as variáveis associadas a pontuação total foram: idade do cuidador (p = 0,004) e da criança (p = 0,003), escolaridade (p = 0,000) e possuir irmão exposto ao HIV (p = 0,026). As variáveis sociodemográfica e clínica do cuidador familiar e da criança influenciaram nas oportunidades do domicílio para o desenvolvimento motor, classificadas como moderadas. Tais achados salientam a necessidade de explorar o domicílio de acordo com cada família a fim de proporcionar oportunidades em qualidade e quantidade consideradas excelentes.
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