Simulação do balanço hídrico e rendimento de grãos da soja em condições irrigada e de sequeiro no Rio Grande do Sul
Resumo
A irrigação por aspersão sob pivô central é a mais difundida entre as propriedades agrícolas de médio a grande porte no Sul do Brasil. Entender a dinâmica da água nesse contexto é trabalhoso e dispendioso, entretanto, através do uso de ferramentas como a modelagem, o manejo da água da irrigação (chuva+irrigação) pode ser otimizado. Assim, o objetivo do presente estudo foi realizar a simulação do balanço hídrico do solo e sua relação com o rendimento de grãos da soja, em uma área irrigada e de sequeiro, além de avaliar a produtividade da água (WP), identificar o fator de redução do rendimento (Ky) e utilizar o modelo empírico de Stewart para a predição do rendimento. Utilizou-se o modelo SIMDualKc, que calcula a evapotranspiração da cultura (ETc) utilizando a metodologia dos coeficientes de cultivo dual (Kc dual), separando a evaporação da água do solo (Es) da transpiração da cultura (Tc). O experimento foi conduzido em Júlio de Castilhos – RS (safra 2017/18), em uma área irrigada sob pivô central de 29 ha e uma de sequeiro de 7,7 ha. O conteúdo de água no solo foi monitorado em ambas as áreas, utilizando-se sensores de matriz granular (watermark), instalados na camada intermediária de 0-20, 20-40, 40-60 cm de profundidade. A caracterização físico-hídrica do solo local foi realizada previamente à instalação do experimento. Além disso, foram realizadas avaliações morfológicas periódicas da cultura. As informações meteorológicas foram coletadas de uma estação meteorológica automática, pertencente ao Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), localizada a aproximadamente 30 km da propriedade, e o monitoramento da irrigação foi realizado pelo Sistema Irriga®. Os dados observados foram utilizados para calibrar e validar o modelo de balanço hídrico do solo. Os valores de Kcb inicial, médio e final, ajustados para as condições locais foram, respectivamente 0,10; 1,07 e 0,35. O conteúdo de água no solo observado (ASW) foi comparado ao simulado pelo modelo através de indicadores estatísticos (b0: Coeficiente linear de regressão; R2: Coeficiente de determinação; RMSE: Raiz quadrada do erro médio; AAE: Erro médio absoluto; ARE: Erro relativo médio; EF: Eficiência de modelagem; e PBIAS: Percentagem de viés). Os resultados apresentando boa associação entre os valores observados de água disponível no solo (ASW) e aqueles simulados pelo modelo, com coeficiente de regressão (b0 =1) em ambas as áreas, e RMSE de 4,43 e 4,85 mm, respectivamente, para as áreas irrigadas e de sequeiro. A eficiência do uso da água foi baixa, resultado da alta precipitação pluviométrica ao longo do ciclo de desenvolvimento da cultura, e uma ETc média de 534 mm (área irrigada) e 517 mm (área de sequeiro), além das perdas por percolação profunda e escoamento superficial, observado pelos resultados do balanço hídrico do solo. A diferença entre o rendimento médio de grãos entre as áreas foi estatisticamente similar. A partir da função de Stewart foi gerado o coeficiente de resposta ao rendimento (Ky= 0,9), para prever o rendimento de grãos da soja. A predição do rendimento com a abordagem Stewart-SIMDulKc gerou um RMSE de 1245 kg ha-1.
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