Ciclo reprodutivo de Philodryas patagoniensis (Serpentes: Dipsadidae) no Sul do Brasil
Resumo
Serpentes tropicais apresentam uma grande diversidade de padrões reprodutivos influenciados
por fatores intrínsecos e condições ambientais. Ciclos reprodutivos podem apresentar maior
plasticidade em áreas tropicais, devido à complexidade climática. No entanto, estudos de
biologia reprodutiva de serpentes são mais desenvolvidos com espécies de regiões temperadas.
Neste trabalho investigamos a biologia reprodutiva da serpente “papa-pinto” (Philodryas
patagoniensis) através das análises morfológicas e histológicas de espécimes do sul do Brasil.
Para isso, foram avaliados indivíduos depositados em coleções zoológicas para análise dos
testículos, ductos deferentes e rins nos machos, assim como ovários e ovidutos nas fêmeas. O
pico espermatogênico coincide com a época de acasalamento, no entanto é possível observar
esperma no ducto deferente ao longo de todo o ano. As fêmeas permanecem reprodutivamente
ativas durante um período estendido apresentando folículos vitelogênicos em todas as estações
do ano, o pico de vitelogênese ocorre no período o inverno-primavera. As fêmeas têm
capacidade para produzir múltiplas desovas na mesma estação reprodutiva com o esperma
armazenado a longo prazo. O dimorfismo sexual do tamanho do corpo é evidenciando, sendo
as fêmeas significativamente maiores e mais pesadas, os machos possuem caudas maiores do
que as fêmeas. Os machos atingem a maturidade sexual em tamanhos menores do que as
fêmeas. A fecundidade em P. patagoniensis está correlacionada com o tamanho corpóreo
materno, com fêmeas maiores produzindo folículos e ovos em maior quantidade e tamanho. O
número de ovos produzidos por cada fêmea varia entre cinco e 22. A atividade sazonal em P.
patagoniensis é influenciada pelo ciclo reprodutivo, uma vez a época de acasalamento nos
adultos (primavera) e recrutamento nos juvenis (verão) coincide com o pico de atividade. As
mudanças sazonais na temperatura são o principal fator que influencia a atividade reprodutiva
das serpentes em clima subtropical. De forma geral, nossos resultados indicam que o P.
patagoniensis tem um padrão sazonal da reprodução no sul do Brasil.
Coleções
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