Perfil oxidativo e atividade da enzima delta-aminolevulinato desidratase em gestantes saudáveis e em gestantes com pré-eclâmpsia
Resumo
Durante a gestação, mesmo sendo um processo fisiológico, há estresse oxidativo devido a uma maior demanda metabólica e ao aumento do consumo de oxigênio nos tecidos, principalmente na placenta, em resposta ao crescimento fetal e as mudanças fisiológicas maternas. Além disso, devido ao aumento das demandas maternas para o desenvolvimento do feto também pode ocorrer uma deficiência de ferro durante o período gestacional, sendo então, indicada a suplementação com sulfato ferroso, pois a carência de ferro, além de causar anemia, pode gerar um aumento no estresse oxidativo na gestante. Outra patologia gestacional que também está envolvida no aumento do estresse oxidativo é a pré-eclâmpsia, que é caracterizada pelo aumento na pressão arterial e na proteinúria da gestante. Essa condição apresenta etiologia desconhecida e é a maior causa de morbidade materna e fetal. O estresse oxidativo está envolvido na fisiopatologia dessa doença, causando danos as macromoléculas como DNA, lipídeos e proteínas. A enzima sulfidrílica delta-aminolevulinato-desidratase (δ-ALA-D) pode estar inibida em situações pró-oxidantes e essa inibição resulta no acúmulo do ácido 5-aminolevulínico, estando diretamente relacionado a um aumento na produção de radicais livres. Assim, a enzima δ-ALA-D pode ser um marcador indireto de estresse oxidativo. Considerando que o estresse oxidativo está diretamente envolvido em patologias gestacionais, o objetivo desse trabalho foi avaliar o perfil oxidativo e a atividade da enzima δ-ALA-D em gestantes com e sem suplementação com ferro e em gestantes com pré-eclâmpsia. Foram analisados parâmetros de estresse oxidativo através da quantificação das espécies reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS), dos grupos tióis protéicos (P-SH) e não protéicos (NP-SH), os níveis de vitamina C, além da determinação da atividade das enzimas catalase e δ-ALA-D em gestantes saudáveis com e sem suplementação com ferro e em gestantes com pré-eclâmpsia. Os níveis de TBARS foram significativamente maiores em gestantes sem suplementação com ferro e em gestantes com pré-eclâmpsia, enquanto que o sistema antioxidante das mesmas parece estar diminuído devido a redução nos níveis de P-SH, NP-SH e vitamina C, além da diminuição na atividade das enzimas catalase e δ-ALA-D. Com base nesses resultados, podemos concluir que a suplementação com ferro pode causar um efeito protetor ao dano oxidativo causado pela gestação quando comparado a gestantes sem suplementação. Além disso, há um aumento no estado de estresse oxidativo e diminuição na atividade da enzima δ-ALA-D em gestantes com pré-eclâmpsia quando comparado a gestantes saudáveis, sendo que isso pode estar envolvido nas complicações dessa patologia e a quantificação da atividade dessa enzima pode ser útil na avaliação dos danos provocados pela pré-eclâmpsia.
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