Caracterização fenotípica e molecular da resistência a clindamicina em isolados clínicos de Staphylococcus aureus de um hospital terciário
Abstract
Os Staphylococcus aureus demonstraram ao longo do tempo, capacidade de desenvolver resistência a maioria dos antimicrobianos. O mecanismo de resistência aos macrolídeos em S. aureus atinge também as lincosamidas e as estreptograminas B, caracterizando a denominada resistência MLSB, cuja expressão pode ser constitutiva (cMLSB) ou induzível (iMLSB) e é codificada principalmente pela presença dos genes erm (ermA, ermB e ermC) e msrA. A resistência cMLSB é facilmente detectada pelos testes de susceptibilidade utilizados na rotina laboratorial, mas a identificação da resistência iMLSB só é possível, mediante a utilização de um agente indutor. Dessa forma, a terapia com clindamicina nos casos de infecção por isolados com resistência iMLSB pode falhar. Assim, o presente estudo objetivou caracterizar o perfil fenotípico (cMLSB e iMLSB)e molecular (presença dos genes ermA, ermB, ermC e msrA) de 140 isolados clínicos de S. aureus sensíveis (MSSA) e resistentes à meticilina (MRSA), provenientes de pacientes admitidos no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) no período compreendido entre abril a dezembro de 2011. Como critérios de inclusão foram considerados todos os isolados identificados como S. aureus através de metodologias fenotípicas manuais (coloração de Gram, prova da catalase, coagulase, etc.) e automatizada (MicroScan® - Siemens), sendo excluídas do estudo amostras repetidas do mesmo paciente. O fenótipo MLSB foi detectado através do teste de indução por disco aproximação (D-teste), sendo que das 140 cepas, 25 apresentaram fenótipo cMLSB e 11 o fenótipo iMLSB. Dos isolados constitutivos, 20 eram MRSA e 5 MSSA, enquanto nos isolados induzíveis, 8 (5,8%) eram MSSA e 3 (2,1%) MRSA. A partir desses resultados, foi realizada a caracterização molecular através da técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) de todos os isolados que expressaram no teste fenotípico a resistência MLSB. Entre estes, os genes ermA e ermC foram os prevalentes, sendo identificados em 11 e 15 dos isolados respectivamente. O gene ermB amplificou em 4 das 36 cepas, enquanto o msrA em 13, sendo que destas, 8 apresentavam associação com os genes erm pesquisados. Apesar do fenótipo iMLSB ter sido menos frequente que o cMLSB, a realização do D-teste é importante para detecção destes fenótipos, pois pode orientar condutas terapêuticas, contribuindo para melhora na saúde do paciente, reduzindo o tempo de internação e consequentemente, o ônus para o sistema de saúde. Além disso, o teste é de baixo custo e fácil de ser executado, quando comparado a técnica da PCR, que apesar da alta sensibilidade e especificidade, não é empregada na rotina de todos os laboratórios clínicos, devido aos elevados custos.
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