Mecânica articular de membros inferiores na fase de apoio da marcha após 4 a 8 anos da cirurgia de reconstrução do ligamento cruzado anterior
Resumo
A reconstrução do ligamento cruzado anterior é a sexta cirurgia ortopédica mais realizada nos Estados Unidos. Estima-se que 65% dos indivíduos que lesam esse ligamento são submetidos a reconstrução. Ela é indicada para população jovem e ativa e objetiva retorno ao nível de atividade física prévio a lesão. Porém, adaptações de movimento de membros inferiores persistem a longo prazo, sendo os principais agravantes a incidência de novas lesões e desenvolvimento de osteoartrose. A modificação na descarga de peso entre as articulações do membro inferior durante a marcha parece ser uma compensação em indivíduos submetidos a essa cirurgia. Além disso, não está claro como esses indivíduos respondem a velocidades mais rápidas de caminhada. Portanto, o objetivo do presente estudo foi identificar diferenças nos momentos articulares entre indivíduos que realizaram a cirurgia e indivíduos sem lesão, entre os membros inferiores de cada grupo e entre diferentes velocidades de marcha nos três planos de movimento. Participaram do estudo 40 homens entre 25 e 45 anos de idade, sendo 20 indivíduos que realizaram a reconstrução de 4 a 8 anos antes da avaliação e 20 indivíduos sem lesão em membros inferiores. A avaliação consistiu em anamnese, testes funcionais de membros inferiores e análise da marcha. Para tal, foram utilizados alguns questionários para caracterização da amostra, sistema de análise cinemática, plataformas de força e fotocélulas. Foram comparados os momentos articulares durante toda fase de apoio da marcha (0 a 100%) a partir da plotagem da média e intervalo de confiança de 95%. Foi definido como diferença quando os intervalos de confiança não se sobrepusessem por no mínimo cinco percentuais consecutivos. Foi encontrada influência da velocidade nos momentos articulares do plano sagital para os dois grupos no joelho e quadril, e no plano frontal para o grupo sem lesão no tornozelo. O plano transverso apresentou diferenças entre grupos, pernas e velocidades. Os principais resultados deste plano estão nas comparações entre os grupos. A perna reconstruída do grupo que fez a cirurgia apresentou menores valores de momento que a perna não preferida do grupo sem lesão na velocidade rápida para o tornozelo e o joelho, e a perna contralateral apresentou maiores valores que a perna preferida do grupo sem lesão para joelho e quadril na velocidade autosselecionada. Esses resultados sugerem que após a reconstrução os indivíduos compensam com outras articulações para minimizar a descarga de peso no joelho reconstruído, e que a velocidade mais rápida influencia diretamente no comportamento dos momentos articulares das articulações do membro inferior.
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