Avaliação do efeito do composto MPMT-OX sobre neurotransmissão e comportamento convulsivo em Caenorhabditis elegans
Resumo
A epilepsia é caracterizada como uma predisposição aumentada do cérebro para gerar crises convulsivas recorrentes, que representam os efeitos de descargas elétricas anormais, excessivas e hipersincrônicas de neurônios corticais. Atualmente, 65 milhões de pessoas no mundo têm epilepsia. Contudo, 33% dos pacientes são refratários aos tratamentos disponíveis, se fazendo necessária a busca por novos fármacos. Oxadiazois são compostos heterocíclicos com fórmula geral C2H2ON2. O isômero 1,3,4-oxadiazol é um dos mais conhecidos e estudados, apresentando uma ampla gama de atividades biológicas, como antibacteriano, antiviral, antifúngico e anticonvulsivante. Neste trabalho testou-se o efeito do composto 2-fenil-5-[(4-metoxifenilseleno)metiltio]-1,3,4-oxadiazol (MPMT-OX) sobre a sinalização colinérgica e GABAérgica no nematoide Caenorhabditis elegans. Os nematoides foram expostos a 0, 5, 15 e 50 μM de MPMT-OX, a partir do estágio L1 até adultos jovens. Os resultados obtidos indicam que a exposição crônica ao MPMT-OX aumentou a sinalização GABAérgica devido à regulação dos genes unc-25 e unc-47, responsáveis pela síntese e liberação de GABA na fenda sináptica, respectivamente. O aumento da sinalização inibitória atenuou a paralisia induzida por pentilenotetrazol (PTZ) e aldicarb, drogas que promovem a hiperexcitação na junção neuromuscular. MPMT-OX aumentou a atividade locomotora de nematoides com mutações nos genes unc-30, unc-46 e unc-49 (envolvidos na liberação e resposta a GABA). MPMT-OX também aumentou o tempo de latência até o início do comportamento convulsivo induzido por PTZ e auxiliou na recuperação da atividade locomotora destes nematoides após exposição ao PTZ. Estes dados sugerem que o MPMT-OX representa um promissor agente farmacológico no tratamento de condições onde o sistema GABAérgico poderia estar envolvido.
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