Avaliação anti-inflamatória e antioxidante do extrato de tucumã (Astrocaryum aculeatum): estudos in vitro e in vivo
Resumo
Com a ascensão de novos conceitos como alimentos funcionais, nutracêuticos e fitomedicamentos, aliados ao uso da medicina tradicional, os produtos de origem vegetal estão em evidência. O Brasil é destaque no desenvolvimento de novos medicamentos a partir destes produtos já que apresenta a maior biodiversidade vegetal do mundo e ocupa o terceiro lugar em produção de frutos. Dentro desse contexto, encontra-se o tucumã (Astrocaryum aculeatum), um fruto amazônico amplamente utilizado no norte do país. Sabendo da ampla utilização e do uso popular como tratamento para diversas enfermidades, o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios do extrato de tucumã em diferentes doses. Para isso, foram utilizadas culturas de células (RAW 264.7), ativadas com fitohemaglutinina (PHA) e tratadas com extrato de A. aculeatum nas doses de 1, 10, 30, 50, 100, 300µg/ml. Os resultados demonstraram atividade anti-inflamatória in vitro através da diminuição da viabilidade e proliferação dos macrófagos induzidos por PHA (P<0.05), modulação do ciclo celular induzindo a permanência na fase G0/G1 (P<0.001), diminuição da expressão dos genes das interleucinas pró-inflamatórias interleucina-1β (IL-1β) (P<0.001) e IL-6 (P<0.001) e aumento da expressão dos genes de IL-10 (P<0.01), anti-inflamatória, quando comparados ao grupo com PHA. Além disso, foi capaz de reduzir a produção de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio (EROs e ERN) e se mostrou genoprotetor na dosagem de 30µg/ml (P<0.05). Posteriormente, foram realizados testes in vivo, onde utilizamos ratas Wistar saudáveis nas quais foram testados os efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios do extrato de tucumã nas doses de 250, 500, 1,000, 1,500mg/kg via oral, por gavagem, durante 30 dias. Os animais foram submetidos à toracotomia e o sangue, soro e tecidos foram coletados. Foram realizados o hemograma, as dosagens séricas de albumina, colesterol e triglicerídeos, além da determinação da atividade das enzimas aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina (FAL), butirilcolinesterase (BuChE) e adenosina desaminase (ADA) no soro. Nos órgãos – fígado, rim, baço e coração – foram avaliadas a atividade da enzima catalase (CAT), a presença de tióis proteicos e não proteicos, substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) e proteínas carboniladas, bem como a atividade da ADA somente no coração. Os resultados sugerem que o extrato tem potencial anti-inflamatório já que foi capaz de diminuir o número de plaquetas (em torno de 85%), leucócitos (49%), neutrófilos (44%) e linfócitos (48%) em todas as doses quando comparadas ao controle. A maioria das análises bioquímicas no soro não apresentaram diferença estatística entre os grupos, sendo evidenciada somente uma redução nos níveis de triglicerídeos (66%) nas dosagens mais altas. Da mesma forma, o extrato não apresentou efeito sistêmico, considerando-se as atividades da BuChE e ADA séricas, que não apresentaram diferenças entre os grupos, exceto pela atividade da ADA que no tecido cardíaco estava diminuída (P<0.01) nas dosagens de 1,000 e 1,500mg/kg quando comparadas ao controle. Considerando os órgãos, o extrato comprovou sua atividade antioxidante e protetora através da evidente diminuição do TBARS no fígado (P<0.001) em todas as doses testadas quando comparadas ao controle. Assim, com base nos resultados do presente estudo, podemos inferir que o extrato de A. aculeatum possui propriedades anti- inflamatórias e antioxidantes de ocorrência natural com possibilidade promissora de ser explorado para fins terapêuticos.
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