Propagação vegetativa e anatomia da madeira de espécies reófitas para utilização em recuperação de matas ciliares
Resumo
Os recursos naturais, em especial as formações florestais vem sendo destruídas através da
ocupação desordenada e sem planejamento do território brasileiro, a eliminação dessas formações
ocasiona diversos problemas ao meio ambiente, colaborando principalmente com a extinção de
espécies da flora e fauna, mudanças climáticas, erosão dos solos e assoreamento dos cursos d‟água.
O conjunto vegetacional que habita rios e córregos é denominado de mata ciliar, e possui diversas
espécies arbóreas e arbustivas, muitas delas conhecidas popularmente como „‟sarandis‟‟. Esses
locais, uma vez degradados, requerem diferentes formas de recuperação, e para tal deve-se
conhecer previamente a área da bacia hidrográfica, o regime pluviométrico, bem como a área onde
serão implantadas as práticas de recuperação e os métodos para introdução de espécies. Deste
modo, são necessárias diferentes ferramentas capazes de recuperá-los, pois onde ocorre cheias
periódicas a propagação vegetativa por meio de estaquia simples é a mais indicada. O presente
estudo tem por objetivo investigar a propagação vegetativa por estaquia e a flexibilidade dos caules
das espécies Aspidosperma riedelii Müll. Arg., Callisthene inundata O.L.Bueno, A.D.Nilson &
R.G.Magalh., Calyptranthes concinna DC., Colliguaja brasiliensis Klotzsch ex Baill., Erythroxylum
substriatum O.E.Schulz, Indigofera suffruticosa Mill., Lafoensia nummularifolia A. St.-Hil., Lafoensia
pacari A. St.-Hil., Ludwigia sericea (Cambess.) Hara e Maytenus sp. para utilização em recuperação
de áreas degradadas no âmbito fluvial. O experimento de propagação vegetativa via estaquia foi
realizado em casa de vegetação, as estacas das dez espécies possuíam 15 cm de comprimento, e
foram plantadas em vasos de 1,7 L utilizando como substrato areia média peneirada. O delineamento
foi inteiramente casualizado (DIC) com 30 estacas para cada espécie. Aos 45, 90 e 180 dias, foi
avaliada a taxa de sobrevivência e, da parte aérea: o número médio, comprimento médio e a massa
seca dos brotos por estaca. Para o sistema radicular: o número médio, o comprimento médio, a
massa seca média das raízes primárias por estaca, o número de raízes e soma do comprimento das
raízes por metro de estaca enterrada, e para uma melhor compreensão do sistema radicular realizou-
se, aos 180 dias, a distribuição absoluta das raízes. Já os estudos anatômicos foram realizados para
espécies ainda não descritas anatomicamente, a partir de amostras coletadas ao diâmetro à altura do
peito, das plantas onde foram originadas as estacas, com intuito de descrever preliminarmente a
composição do lenho, enfatizando caracteres que conferem flexibilidade aos caules e ramos. As descrições microscópicas seguiram as recomendações do IAWA Committee. Nos resultados, da
propagação vegetativa as espécies apresentaram taxa de sobrevivência média variando de 51% a
96%, todas as dez apresentaram sistema aéreo, entretanto apenas as espécies C. concinna, C.
brasiliensis, I. suffruticosa, L. pacari e L. sericea apresentaram sistema radicular. Na análise
anatômica dos lenhos identificou-se que A. riedelii, L. nummularifolia e L. pacari possuem caracteres
que conferem flexibilidade ao caule e ramos, entretanto não descarta-se as espécies E. substriatum e
Maytenus sp, pois além de serem encontradas em ambiente reófilo possuem vasos muito estreitos e
de paredes finas, uma vez que estes caracteres são encontrados constantemente em espécies
reófitas.
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