Narrativas da velhice: entrelaces do discurso acerca do luto
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Date
2019-03-07Primeiro membro da banca
Santos, Gabriela Casellato Brown Ferreira
Segundo membro da banca
Wottrich, Shana Hastenpflug
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A velhice na contemporaneidade é perpassada por estigmas e uma vivência paradoxal, diante de uma sociedade que por um lado busca constantemente prolongar a vida, de modo a não se deparar com a morte, e por outro lança esforços para se distanciar dos reflexos de sua presença. Reflexos esses que se sobrepõe por meio de mudanças que tocam o sujeito, o seu corpo, psique e relações, de forma a retratar perdas inevitáveis no processo de desenvolvimento. Nesse cenário, a sociedade ocidental contemporânea, a qual preza pela produção e o imperativo da felicidade, possui como característica a aversão às perdas e à finitude, sendo essas extintas das reflexões e pautas sociais. Dessa maneira, muitas vezes, constroem-se imagens acerca da velhice, entrelaçadas na ideia que denota apenas aspectos saudáveis e alegria, afastando tudo que remete a possíveis perdas da ordem simbólica e real, o que reverbera na ausência de espaços para a elaboração das mesmas. Ademais, todo este processo demanda pensar acerca do olhar do outro direcionado aos idosos, o qual ainda hoje remete à ideia de fragilidade e do ser indefeso, de modo a não acolher as angústias e auxiliar na elaboração de suas vivências. Frente a isso, objetiva-se nesta pesquisa compreender como os sujeitos idosos significam a velhice, bem como, as suas percepções em relação à morte. Isso se deve ao entender que há inúmeras questões que perpassam a velhice, como a entrada em outro papel social, além da perda real do outro - cônjuge, familiares, amigos - bem como, as perdas simbólicas de si mesmo, por meio do trabalho, do corpo e de sua performance. Entende-se que a importância deste estudo se dá na medida em que se permite espaço de fala e reflexão ao idoso, de modo a fornecer subsídios para práticas de saúde que sejam mais próximas às suas demandas, bem como, um olhar e cuidado mais humanizado à vivência da velhice. Para tanto, foi utilizada uma pesquisa exploratória e descritiva, calcada no método clínico-qualitativo. Os sujeitos da pesquisa foram buscados nos cadastros em uma Estratégia de Saúde da Família responsável pela região Centro Leste de um município do interior do Rio Grande do Sul, que possui uma significativa demanda com idosos, sendo a amostra composta pelo critério de saturação dos dados. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas com questões abertas que, com o consentimento dos participantes, foram transcritas na íntegra para serem analisadas através da análise de conteúdo. A pesquisa comprometeu-se em respeitar todos princípios éticos presentes na resolução 510/2016 que rege a pesquisa com seres humanos. Nesse sentido, serão respeitados os princípios da autonomia, beneficência, não mal eficiência, justiça e equidade, garantindo os direitos e deveres dos participantes da pesquisa, à comunidade científica e ao Estado.
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