Suscetibilidade de populações do percevejo-marrom Euschistus heros (Fabricius, 1798) e do percevejo barriga-verde Dichelops furcatus (Fabricius, 1775) a inseticidas
Resumo
O percevejo-marrom, Euschistus heros (Fabricius, 1798), e o percevejo barriga-verde,
Dichelops furcatus (Fabricius, 1775), são importantes sugadores que atacam plantas cultivadas
no Brasil. O controle destas espécies é realizado principalmente com o uso de inseticidas
químicos, que pertencem a poucos grupos químicos (piretroides, neonicotinoides e
organofosforados). Diante disto, foram realizados bioensaios para avaliar a suscetibilidade de
populações de E. heros e D. furcatus a inseticidas. No primeiro estudo, populações E. heros e
D. furcatus coletadas em lavouras de produção de soja e trigo, entre 2017 e 2019 foram expostas
a diferentes concentrações dos inseticidas acefato, tiametoxam, bifentrina e lambda-cialotrina
em bioensaios de imersão de vagens de feijão (Phaseolus vulgaris). As populações de E. heros
apresentaram baixa variação na suscetibilidade ao acefato (CL50 = 172,2 a 1.008 µg i.a./ml) e
tiametoxam (CL50 = 28.8 a 433.9 µg i.a./ml), com razão de resistência inferior a 5,9 e 15,1
vezes, respectivamente. Em contraste, essas populações apresentaram maior variação na
suscetibilidade à bifentrina (CL50 = 26,7 a 636,1 µg i.a./ml) e lambda-cialotrina (CL50 = 10,0 a
636,1 µg i.a./ml); razão de resistência de até 23,8 e 63,6 vezes, respectivamente. Os dados de
monitoramento da suscetibilidade indicaram uma maior suscetibilidade de E. heros às doses
registradas de acefato, lambda-cialotrina + tiametoxam e bifentrina + acetamiprido do que
lambda-cialotrina. As populações de D. furcatus apresentaram baixa variação na suscetibilidade
ao acefato (CL50 = 219,2 a 614,1 µg i.a.ml), bifentrina (CL50 = 62,8 a 197,4 µg i.a./ml) e lambda-
cialotrina (CL50 = 189,5 a 2.538 µg i.a./m1). A razão de resistência para os inseticidas foi
inferior a 13,4 vezes. No segundo estudo, os inseticidas técnicos (ingrediente ativo) acefato,
tiametoxam, bifentrina e lambda-cialotrina foram diluídos em acetona PA, e em bioensaios de
aplicação tópica, aplicados no dorso dos insetos adultos (2 µl/percevejo). Constatou-se que as
populações de E. heros apresentaram baixa variação na suscetibilidade ao acefato (DL50 = 0,22
a 0,69 µg i.a./percevejo), bifentrina (DL50 = 0,021 a 0,10 µg i.a./percevejo) e tiametoxam (DL50
= 0,0046 a 0,032 µg i.a./percevejo); razão de resistência inferior a 8,2 vezes. Em contraste,
houve maior variação na suscetibilidade à lambda-cialotrina (DL50 = 0,073 a 0,35 µg
i.a./percevejo), indicando uma razão de resistência de até 15,7 vezes. Também foram estimadas
doses diagnósticas de 1,30; 0,34; 0,36 e 1,73 µg i.a./percevejo de acefato, tiametoxam,
bifentrina e lambda-cialotrina, respectivamente, para o monitoramento da suscetibilidade de E.
heros. As populações de D. furcatus apresentaram baixa variação na suscetibilidade ao acefato
(DL50 = 0,30 a 0,53 µg i.a./percevejo), tiametoxam (DL50 = 0,066 a 0,14 µg i.a./percevejo) e
lambda-cialotrina (DL50 = 0,27 a 0,56 µg i.a./percevejo), com razão de resistência inferior a 2,1
vezes. Os resultados indicam uma menor suscetibilidade de populações de E. heros a bifentrina
e lambda-cialotrina. As populações de D. furcatus tem similar suscetibilidade ao acefato,
tiametoxam, bifentrina e lambda-cialotrina.
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