Morfologia funcional das estruturas alimentares de duas espécies simpátricas do gênero Aegla (crustacea, anomura, aeglidae).
Resumo
A família Aeglidae tem uma importante participação na decomposição de matéria orgânica em riachos de primeira e segunda ordem. Esta dissertação visa analisar caracteres morfológicos em populações simpátricas de Aegla abtao e Aegla denticulata (Decapoda, Anomura), em comparação com as mesmas espécies, mas em populações alopátricas. Quando espécies próximas filogeneticamente estão compreendidas dentro de uma mesma área geográfica, com preferencias de habitats semelhantes, a competição pode influenciar na evolução de adaptações morfológicas que permitam a coexistência, atenuando a competição no meio, e tornando-as mais especialistas e diferenciadas em simpatria. Comparando a morfologia de 39 indivíduos de cada população simpátricas e alopátricas de A. abtao e A. denticulata. Foram realizadas análises de morfometria linear, das estruturas externas em estudo, uma breve análise estomacal, reconstituição 3D e do moinho gástrico estomacal das espécies estudadas. Observou-se algumas diferenças entre estruturas relacionadas à alimentação, possuindo uma predisposição a menores proporções, em A. abtao possuiu uma diminuição corporal quando em simpatria, e uma alteração no conteúdo alimentar juntamente com diferenciação do moinho gástrico, em contrapartida A. denticulata, possuiu algumas diferenças na morfometria linear, mas obteve mais destaque nas diferenciações na margem do corte do dáctilo e no número de escamas córneas. A alimentação não possui grandes diferenças, salvo a maior montante de fragmentos de carapaça em A. abtao. O estudo mostrou que a presença de outra espécie pode influenciar as respostas morfológicas de A. denticulata e A. abtao, indicando que um aumento da pressão competitiva no habitat do riacho trará consequências para o grupo, sendo observado alterações não só na disposição ocupacional, mas também no tamanho e forma dos apêndices alimentares e para a sobrevivência desses crustáceos. Em função da variação das respostas, pode-se afirmar que estas são espécieespecíficas. Áreas simpátricas têm o potencial de alterar o comportamento desses eglídeos, podendo alterar o seu comportamento de forrageio e atuando como modificador morfológico para as estruturas alimentares.
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