Fenótipos envolvidos em comorbidades associadas às crises convulsivas: abordagens experimentais utilizando o peixe-zebra como organismo modelo
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Data
2021-02-26Primeiro membro da banca
Barbosa, Nilda Berenice de Vargas
Segundo membro da banca
Luchiari , Ana Carolina
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A epilepsia é uma doença neurológica caracterizada por crises recorrentes que afetam a homeostase cerebral e geram consequências negativas para o paciente, como mudanças comportamentais e cognitivas. A agressividade, a ansiedade, o déficit cognitivo, o isolamento social e o estresse são exemplos de comorbidades psiquiátricas associadas com a epilepsia. Apesar de bem descrita essa correlação na literatura, sugerindo mecanismos subjacentes compartilhados, faz-se necessária a caracterização de novos organismos modelos para aprimorar os conhecimentos relacionados às bases evolutivamente conservadas das comorbidades associadas à epilepsia. O peixe-zebra (Danio rerio) é um organismo modelo amplamente utilizado na neurociência comportamental, pois apresenta aspectos fisiológicos conservados, neurotransmissores bem caracterizados, e genoma completamente sequenciado e similar aos genes humanos. O objetivo deste trabalho foi caracterizar o uso do peixe-zebra como organismo modelo para estudar comorbidades relacionadas à epilepsia em peixe-zebra. Primeiramente, os animais foram expostos ao agente convulsivante pentilenotetrazol (PTZ, 10 mM) por 20 min para analisar o comportamento agressivo no teste de agressividade induzida pelo espelho em diferentes intervalos de tempos após a exposição (1 h, 3 h, 6 h, 24 h, 48 h e 72 h). No segundo trabalho, os animais foram expostos ao PTZ nas mesmas condições, porém após 24 h foram analisados os efeitos da exposição única ao PTZ sobre o padrão exploratório no teste de exploração vertical eliciada por novidade, comportamento do tipo ansioso (teste claro-escuro), consolidação de memória (esquiva inibitória) e na interação social, bem como nos níveis de cortisol do corpo inteiro. No terceiro trabalho, a fim de verificar se o estresse tem influência nas respostas comportamentais do tipo convulsiva, os animais foram posteriormente expostos agudamente a um agente estressor intenso (substância de alarme de co-específicos, CAS) por 5 min. Posteriormente, foram verificadas a latência dos animais para atingir o comportamento convulsivo do tipo clônico (escore 4) induzido pela exposição ao PTZ (7,5 mM), bem como o papel da substância de alarme de co-específicos no comportamento aversivo e nos níveis de cortisol. Os resultados mostraram que a exposição ao PTZ aumentou o comportamento agressivo, modificou o padrão exploratório alterando a habituação a novidade, aumentou a ansiedade, causou embotamento social, bem como prejuízos na consolidação da memória, sem modificar os níveis de cortisol 24 h após a exposição. Além disso, nós também observamos que o estresse aumentou a susceptibilidade para crises convulsivas no peixe-zebra e verificamos uma correlação positiva entre o fenótipo do tipo ansioso com parâmetros relacionados à crise convulsiva. Em suma, nossos resultados sugerem que o peixe-zebra é um organismo modelo emergente para investigar alterações neuropsiquiátricas relacionadas às crises convulsivas, podendo servir como uma ferramenta para o estudo dos mecanismos evolutivamente conservados das crises convulsivas em vertebrados, bem como para futuras estratégias de neuroproteção.
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