Residualidade e reaplicação de corretivo da acidez, associada ou não ao gesso, em Latossolo no Cerrado: alterações nos atributos químicos do solo no perfil e baixo impacto na produtividade da soja e do milho

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Data
2021-01-29Primeiro coorientador
Mallmann, Fábio Joel Kochem
Primeiro membro da banca
Drescher, Gerson Laerson
Segundo membro da banca
Bortoluzzi, Edson Campanhola
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A reacidificação dos solos é um processo lento e inicia a partir da superfície. Em solos sob sistema plantio direto (SPD) a reacidificação pode ser controlada pela reaplicação de calcário em superfície, desde que, a correção da acidez potencial natural do solo tenha sido feita adequadamente. Há ainda algumas dúvidas quanto à necessidade ou não de se reiniciar o SPD quando ele não foi corretamente adotado. O gesso agrícola é utilizado no solo com o objetivo de melhorar o ambiente para crescimento radicular em profundidade devido a sua maior solubilidade em água. Dessa forma, o uso combinado do calcário e do gesso agrícola pode favorecer a correção da acidez do solo e melhorar a disponibilidade de nutrientes no solo das camadas mais profundas. O objetivo do estudo foi avaliar as alterações na distribuição vertical de nutrientes e dos atributos da acidez do solo e o rendimento das culturas decorrentes de estratégias de reaplicação de corretivo da acidez e do gesso agrícola e verificar se há necessidade de reinício do SPD, com incorporação do calcário, para correção da reacidificação do solo em Latossolo do bioma Cerrado. O bioma natural foi convertido em sistema agrícola em 1983, e até 2008 o solo foi revolvido constantemente e realizado a aplicação e reaplicações de corretivos da acidez. A conversão do sistema de cultivo convencional para SPD foi feito simplesmente parando o revolvimento do solo. Entre 2008 e 2012, embora cultivado com culturas de grãos, não foram adicionados corretivos da acidez e nutrientes às plantas. Em setembro de 2012, seis tratamentos foram aplicados, seguindo duas estratégias: i) manutenção do SPD: sem reaplicação de corretivo da acidez e sem adição de gesso (SC), aplicação superficial de gesso (GS), reaplicação superficial de corretivo da acidez (CS) e reaplicação superficial de corretivo da acidez associado à adição superficial de gesso (CS+GS); e ii) reinício do SPD: incorporação do corretivo da acidez (CI) e incorporação do corretivo da acidez associado à adição superficial do gesso (CI+GS). Em setembro de 2019, sete anos após a instalação do experimento, o solo foi amostrado em oito camadas estratificadas até 50 cm de profundidade (0-5, 5-10, 10-15, 15-20, 20-25, 25-30, 30-40 e 40-50 cm). Solo sob bioma natural, também foi coletado. Foram analisados os atributos químicos da acidez do solo, a disponibilidade de nutrientes e a produtividade das culturas de soja (Glycine max L. Merril) e de milho (Zea mays L.). A comparação dos atributos da acidez do solo sob bioma natural com àquele transformado em sistema agrícola há 36 anos e sem reaplicação de corretivo há mais de uma década evidencia que o processo de reacidificação do solo é lento. A reaplicação superficial de calcário no solo diminuiu a saturação por alumínio até 25 cm de profundidade, sem, no entanto, a sua neutralização total e se mostrou suficiente para manter níveis adequados dos atributos da acidez e da disponibilidade de nutrientes do solo. A incorporação do corretivo da acidez alterou os atributos da acidez do solo de forma mais homogênea na camada arável do solo (0-20 cm), com efeitos restritos ao solo da camada mobilizada. Entretanto, esta estratégia não resultou em grandes benefícios relacionados a melhoria nos atributos da acidez do solo quando comparada a aplicação superficial de calcário. A aplicação de gesso agrícola não alterou a dinâmica do alumínio no perfil do solo e tampouco a produtividade das culturas. A produtividade da soja apresentou resposta positiva à reaplicação do corretivo da acidez do solo, independente da forma de reaplicação (aumento de 252 kg ha ano-1). O milho respondeu positivamente apenas quando o calcário foi aplicado de forma incorporada e associado ao gesso (aumento de 578 kg ha ano-1) comparado ao tratamento SC, mas não diferiu dos tratamentos que receberam calcário. Os prejuízos do revolvimento do solo para incorporação do corretivo em SPD são maiores que os ganhos com o aumento da produtividade do milho. Não há necessidade de incorporar o corretivo da acidez, uma vez que a correção da acidez natural tenha sido feita adequadamente, e tampouco adicionar gesso agrícola ao solo nessas condições.
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