Os militares trabalhistas na luta armada contra a ditadura civil-militar de segurança nacional no Rio Grande do Sul (1964-1971)
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Data
2020-03-31Primeiro membro da banca
Padrós, Enrique Serra
Segundo membro da banca
Maciel, Wilma Antunes
Terceiro membro da banca
Konrad, Glaucia Vieira Ramos
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Este trabalho tem por objetivo compreender a participação dos militares das Forças Armadas Brasileiras e da Brigada Militar ligados ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) na luta armada contra a Ditadura Civil-Militar de Segurança Nacional, no Rio Grande do Sul, entre 1964 e 1971. A partir da criação do PTB, por Getúlio Vargas, em 1945, uma parte dos militares que integravam a corrente nacionalista das Forças Armadas Brasileiras e da Brigada Militar se filiou ao Partido ou atuou na defesa de sua linha programática, que visava uma série de reformas e nacionalizações de setores econômicos considerados estratégicos para o Brasil. Nas Forças Armadas, fazendo oposição à corrente nacionalista, estava o grupo de militares propagadores da Doutrina de Segurança Nacional (DSN), que no contexto da chamada “Guerra Fria” (1945-1991) representava o alinhamento ideológico ao Governo dos Estados Unidos da América (EUA). Essa doutrina considerava qualquer tipo de contestação individual, ou de movimentos sociais, às desigualdades sociais do País, como a ameaça de um “inimigo interno”, que estaria a serviço do “comunismo internacional”. Desta forma, esse suposto inimigo precisava ser eliminado da sociedade. A DSN serviu, portanto, de esqueleto teórico para o Golpe Civil-Militar de 1964 e para a política de terrorismo estatal iniciada naquele mesmo ano contra civis e militares identificados com ideias nacionalistas e reformistas, ou mesmo revolucionárias. Além do enquadramento ao conceito de “inimigo interno”, contra os militares identificados com tais ideias, ainda existia o agravante de uma suposta “traição da pátria”, pelo fato de serem militares. Observa-se, ainda, que o engajamento desses militares na luta armada foi uma continuidade das lutas ocorridas nos anos anteriores ao Golpe Civil-Militar de 1964, quando atuaram no Movimento dos Sargentos, na Campanha da Legalidade (1961), nas mobilizações populares pela aprovação das Reformas de Base e na tentativa de resistência ao Golpe que depôs João Goulart, do PTB. Entre 1964 e 1966 os militares trabalhistas das Forças Armadas e da Brigada Militar passaram a articular, junto com o ex-Governador do Rio Grande do Sul, Leonel de Moura Brizola, do PTB, algumas tentativas de movimentos armados visando derrubar a Ditadura recém-instaurada. Com a desistência de Brizola em prosseguir com a luta armada no Brasil, em 1967, um número reduzido desses militares passou a atuar ou colaborar com organizações armadas de inspiração marxista, até o momento em que estas foram aniquiladas pelo aparato repressivo, no Rio Grande do Sul, em 1971. Buscou-se, portanto, um melhor entendimento da atuação desses militares, durante a luta armada, tendo-se como referencial teórico os aportes do materialismo histórico e do Terrorismo de Estado (TDE). Para a realização da pesquisa foram utilizadas fontes documentais – entre arquivos da repressão e arquivos sobre a repressão –, depoimentos de militares perseguidos após o Golpe Civil-Militar de 1964, livros de memórias e reportagens de jornais, fazendo-se, assim, o cruzamento de suas informações.
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