A República de Platão: uma investigação sobre o percurso da justiça no homem e na cidade
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Data
2020-03-19Primeiro membro da banca
Rossatto, Noeli Dutra
Segundo membro da banca
Soares, Marcio
Metadata
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Esta dissertação trata de acompanhar o conceito de justiça na obra de Platão intitulada A República. A investigação tem como ponto de partida analisar as questões apresentadas nos diálogos do livro I. Pretende-se reconstruir e expor os argumentos e as respostas oferecidas por Platão ao problema inicial da justiça, em particular através de seus personagens Céfalo, Polemarco, Trasímaco e Sócrates acerca do conceito e da definição de justiça. A discussão inicial gira em torno da definição apresentada por Trasímaco e se concentra, sobretudo, no conceito de justiça entendido como a conveniência do mais forte (338c) e da injustiça como mais vantajosa que a justiça (343a-344c). Pode-se observar que o intento de Sócrates é convencer Trasímaco de que o homem injusto não pode viver melhor e ser mais feliz do que o homem justo (353e). Mais do que isso: Sócrates realiza com Trasímaco um exame da questão, bem como avança na discussão com outros dois personagens do diálogo, Glauco e Adimanto. Por outro lado, antes que a análise incida na reconstrução e exposição dos argumentos apresentados a partir do livro I da obra de Platão dedicada ao tema, propõe-se, inicialmente, investigar alguns dos aspectos da justiça no pensamento pré-platônico, a começar pelos primeiros educadores da Grécia antiga, os poetas Homero e Hesíodo, passa-se em seguida pelo legislador Sólon, pelo surgimento da filosofia a partir de alguns dos pensadores denominados pré-socráticos ou filósofos da natureza, a exemplo de Tales, Heráclito e Pitágoras, bem como investiga-se o florescer da sofística a partir de alguns dos sofistas, a exemplo de Protágoras, Trasímaco, Hípias e Antifonte. Busca-se mostrar as transformações que o conceito de justiça sofreu. Na sequência, trata-se de analisar esse conceito na República de Platão, especialmente a partir da trama do livro I da obra. Conclui-se que, para Platão, a justiça carece de um fundamento, de uma estrutura universal e inteligível que, por ser verdadeiramente boa, deve ser buscada numa realidade objetiva, isto é, na natureza. Por isso, ele considerou a necessidade de empreender uma investigação acerca da existência de uma norma ou ordem ligada à natureza que, por ser rigorosamente ordenada e natural, deve ser apreendida a fim de se chegar às verdades universais e imutáveis, sobretudo no que diz respeito à definição da justiça. Isso significa que a reflexão sobre a cidade justa não pode dispensar uma investigação sobre a alma virtuosa.
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