O presente trabalho busca compreender como os jornalistas, ao entrevistarem os sobreviventes e as testemunhas de catástrofes ambientais, elaboraram a experiência de contato com o sofrimento. A pergunta central problematiza como os jornalistas assimilam e elaboram a vivência com o sofrimento e com situações de catástrofes ambientais no contato com vítimas e testemunhas desses acontecimentos. Para a construção do trabalho, foram analisados os relatos e as percepções de três jornalistas envolvidas na apuração e no desenvolvimento de reportagens e livros-reportagem sobre o rompimento da barragem de Mariana-MG, em 2015. Na sustentação teórica, utilizo de conceitos do Jornalismo Ambiental, Jornalismo Literário e, também, reflexões sobre modos de se ver e se pensar o jornalismo. Metodologicamente, o trabalho está amparado na entrevista em profundidade, pois com ela foi possível delimitar a melhor abordagem para a realização das entrevistas com as jornalistas. O depoimento das jornalistas Consuelo Dieguez, Cristina Serra e Sabrina Duque foram essenciais para a construção desta pesquisa. Com o relato delas foi possível identificar o quanto foi exigente e impactante, para elas, ouvir tantos relatos marcados pela tristeza e como o cenário da tragédia pode ser violento também para o repórter. Como resultados, pode-se observar que o Jornalismo Ambiental e Jornalismo Literário possuem um papel importante para a cobertura jornalística da dimensão como a de Mariana. Também, ao concluir a análise das entrevistas, foi notório observar que as jornalistas ficaram sensibilizadas com todo sofrimento das vítimas e que elas perceberam que nem sempre estão preparadas para tudo.