Quando coisas boas não vem para aqueles que esperam: sofrimento psicológico e procrastinação acadêmica
Resumo
Procrastinação consiste no atraso desnecessário, irracional e disfuncional de tarefas que produz consequências negativas nos âmbitos sociais, acadêmicos, financeiros e de saúde. A procrastinação acadêmica ocorre quando esse fenômeno é direcionado a tarefas escolares e está ligada a níveis elevados de sintomas de adoecimento mental. O objetivo do presente estudo foi identificar a percepção de consequências psicológicas (desapreço pessoal e esgotamento psicológico) da procrastinação acadêmica e a correlação entre procrastinação acadêmica e sintomas de ansiedade, depressão e estresse em uma amostra de estudantes universitários, bem como identificar o perfil dos alunos mais afetados pelo fenômeno. Participaram 1.426 estudantes universitários brasileiros de graduação e pós-graduação com idade variando entre 18 e 67 anos, com média de 26,06 anos (DP = 6,5). Os participantes responderam à Escala de Consequências Psicológicas do Questionário de Procrastinação Acadêmica – Consequências Negativas e à Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse (Versão Reduzida) – DASS – 21. Foram realizadas estatísticas descritivas para caracterização da amostra, correlações de Pearson para identificação da relação entre as variáveis investigadas, a fim de observar sua magnitude e significância, e entre as duas dimensões da escala de Consequências Psicológicas com a variável idade e com cada uma das três subescalas do DASS-21. Também foram realizados testes T para verificação de diferenças, entre diferentes grupos, em relação às médias dos escores produzidos pelo instrumento de consequências psicológicas da procrastinação. Resultados apontaram procrastinação de tarefas acadêmicas quase sempre foi acompanhada de experiências subjetiva e psicologicamente negativas relacionadas a esgotamento psicológico e desapreço pessoal, sendo este último mais frequente, sendo as mulheres mais afetadas que os homens e estudantes de primeira geração mais do que os demais. Alunos que já receberam diagnóstico de algum transtorno psiquiátrico também apresentaram maior grau de sofrimento de ambas consequências. Por fim, alunos mais velhos parecem ser menos afetados quando comparados aos mais jovens. A partir das análises, foi possível identificar correlação entre consequências psicológicas da procrastinação percebidas pelos estudantes e sintomas de adoecimento mental. O estudo ressalta a importância do estabelecimento de fatores de risco e intervenções voltadas para o manejo da procrastinação em estudantes universitários.
Coleções
- TCC Psicologia [93]
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