A vida em seu limite: profissionais do SAMU frente à iminência de morte de pacientes
Visualizar/ Abrir
Data
2019-12-03Autor
München, Mikaela Aline Bade
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi criado a partir da Política Nacional de Atenção às Urgências, com o objetivo de socorrer a população em situações de urgência. É um contexto de trabalho desafiador, em que situações de vida ou morte solicitam decisões e intervenções rápidas por parte dos profissionais. Nesse cenário, o contato com a dor, o sofrimento, o medo e a morte podem gerar estresse, o qual configura-se como um fator de risco para sintomas de ansiedade e depressão. Frente a essas constatações, o objetivo do presente estudo foi compreender como os profissionais do SAMU vivenciam um cotidiano de trabalho que envolve a iminência de morte de pacientes, buscando, ainda, verificar as estratégias de enfrentamento utilizadas, além de as correlacionar com estresse, ansiedade e depressão. Trata-se de uma pesquisa de caráter misto, dividida em dois estudos: quantitativo e clínico-qualitativo. O estudo quantitativo foi realizado com 43 profissionais do serviço, englobando todas as categorias (ou seja, médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e condutores), através da aplicação de dois instrumentos, o DASS-21 (Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse) e o Inventário de Estratégias de Coping. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e inferencial. Já o estudo clínico-qualitativo foi realizado a partir de entrevistas semidirigidas com 13 médicos e enfermeiros, as quais foram analisadas a partir da análise de conteúdo temática. Os resultados quantitativos apontam que as estratégias mais utilizadas pelos profissionais do serviço são a resolução de problemas, o autocontrole e a reavaliação positiva, enquanto as menos utilizadas são a fuga-esquiva e o confronto. A amostra apresentou baixos índices de estresse, ansiedade e depressão. Esses dados podem ser melhor compreendidos através da correlação dos instrumentos, que permitiu identificar que as estratégias menos utilizadas são as que possuem maior correlação com estresse, ansiedade e depressão. Já os resultados qualitativos contribuem para um entendimento mais aprofundado da forma como esses profissionais enfrentam as situações vivenciadas no serviço. Através das categorias “O vício da adrenalina: “cachaça braba”, “Relação com o paciente: o tempo do translado” e “Relação com a equipe: perfeita sincronia”, a qual é composta pela subcategoria denominada “Feedback: espaço para as trocas”, percebe-se que as estratégias utilizadas envolvem a satisfação com o trabalho realizado, a relação breve com o paciente, inerente ao serviço, e a relação com a equipe, que atua de modo multiprofissional, através da integração de saberes. Considera-se a importância da valorização de espaços através dos quais os profissionais possam compartilhar suas vivências, permitindo a elaboração das mesmas e o fortalecimento dos vínculos profissionais e pessoais entre a equipe.
Coleções
- TCC Psicologia [93]
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: