Depressão: aspectos fisiopatológicos e o efeito tipo-antidepressivo da apocinina
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Date
2020-02-17Primeiro coorientador
Santos, Gabriela Trevisan dos
Primeiro membro da banca
Moresco, Rafael Noal
Segundo membro da banca
Machado, Alencar Kolinski
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Show full item recordAbstract
A depressão é considerada um desafio à saúde pública ao redor do mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 300 milhões de pessoas (aproximadamente 6% da população mundial) são acometidas por essa desordem. Considerando que a depressão está intimamente relacionada à alta taxa de morte por suicídio e que grande parcela dos pacientes é refratária a qualquer um dos agentes antidepressivos disponíveis (entre 30 e 50%), é de grande importância o entendimento dos mecanismos envolvidos na sua fisiopatologia, bem como a investigação de novas alternativas terapêuticas. Dessa forma, o objetivo geral desse trabalho foi investigar o envolvimento dos glicocorticoides, eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA), microglia e estresse oxidativo na fisiopatologia da depressão, bem como avaliar o efeito tipo-antidepressivo da apocinina. Para isso, primeiramente foi desenvolvido um artigo de revisão abrangendo o envolvimento e relação da microglia e do eixo HPA na depressão. Na sequência, o modelo de administração crônica de corticosterona (ACC) foi realizado para induzir o comportamento do tipo depressivo (CTD) em camundongos, assim como para avaliar seu efeito sobre a expressão proteica do receptor glicocorticoide (GR), fator neurotrófico derivado do encéfalo (BDNF) e seu receptor,TrkB, em estruturas cerebrais (córtex pré-frontal, hipocampo e estriado). Por fim, foi investigado o efeito da apocinina, um antioxidante de origem natural, sobre o CTD induzido pela ACC, bem como seu efeito sobre o perfil oxidativo (enzimas superóxido dismutase, SOD, e catalase, CAT, e sobre os níveis de peróxido de hidrogênio, H2O2) após esse protocolo de indução. Através do artigo de revisão foi possível sugerir que os sistemas imunológico e neuroendócrino funcionam de maneira coordenada e a desregulação deles pode estar envolvida em distúrbios psiquiátricos como a depressão, uma vez que a neuroinflamação e o hipercortisolismo são frequentemente observados nessa condição. Após a ACC, foi observado o desenvolvimento de CTD acompanhado de redução do imunoconteúdo de BDNF no córtex pré-frontal e aumento de GR e TrkB no hipocampo dos camundongos. Esse protocolo também foi capaz de reduzir a relação peso adrenal/peso corporal, sugerindo desregulação do eixo HPA bem como a possível relação das vias glicocorticoides/GR e BDNF/TrkB na fisiopatologia da depressão. Ainda, a ACC induziu aumento na atividade da SOD e nos níveis de H2O2 e redução na atividade da CAT nas três estruturas cerebrais avaliadas. O tratamento com apocinina foi capaz de reverter tanto o CTD quanto a maioria das alterações oxidativas após o modelo de ACC, sugerindo efeito tipo-antidepressivo. Portanto, o presente trabalho sugere que a depressão apresenta característica “multifisiopatológica”, indica possíveis vias alteradas e ainda sugere a apocinina como um potencial agente o tratamento desse transtorno.
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