Fluxos migratórios e visibilidade feminina em Chimamanda Adichie e Zadie Smith
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Data
2022-03-24Primeiro membro da banca
Umbach, Rosani Úrsula Ketzer
Segundo membro da banca
Carreira, Shirley de Souza Gomes
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Diante do processo de busca identitária vivido pelo sujeito contemporâneo e globalizado, mulheres marginalizadas sofrem opressões interseccionais, na tentativa de socialização. Por isso, aspectos de identidade e pertencimento cultural emergem em obras de escritoras migrantes, como Chimamanda Adichie e Zadie Smith. Em seus respectivos e consagrados romances Americanah (2013) e White Teeth (2001), é possível captar elementos de raízes nacionais colonizadas, que são entrecruzadas pelo domínio cultural hegemônico dos Estados Unidos, no caso daquele, e da Inglaterra, no caso desse. Neste entrecruzamento, existe a figuração da mulher negra e imigrante, representada por Ifemelu, no romance de Adichie e de Irie, no de Smith. A partir da compreensão da cosmovisão resultante da figuração feminina negra e imigrante em contextos de negociação identitária, é possível perceber a descontinuação de valores hegemônicos. Portanto, através da metodologia comparatista, o objetivo do presente estudo é analisar a visibilidade feminina e os contextos sociais no qual se inserem as protagonistas destas narrativas, identificando similaridades e diferenças a partir dos eixos temáticos principais que abordam as dimensões raciais, culturais e de gênero figuradas nos romances. A análise, que é dividida em três eixos temáticos principais, é subdividida em três momentos centrais, de submissão, questionamento e, finalmente, subversão à norma hegemônica que garante hierarquias raciais, culturais e de gênero. Para refletir sobre a troca entre literatura e sociedade, é pertinente utilizar conceitos como o da identidade no período Pós-Moderno, de Stuart Hall (2006), da fragmentação da tradição moderna, de Antoine Compagnon (1996), da descontinuação das “narrativas mestras”, de Jean-François Lyotard (2009), e da consequente fragilização de valores hegemônicos, de Eduardo Coutinho (2005) e Linda Hutcheon (1991). Além disso, para compreender o ponto de vista das protagonistas analisadas, que concebe a hibridez cultural e a existência das minorias, é possível verificar argumentações como as de Djamila Ribeiro (2017), bell hooks (1984), Chantal Lacroix (2010) e Homi Bhabha (1998). Na aproximação destes romances, verificam-se diferenças centrais, como a de geração entre as duas personagens diante da experiência da migração. Ademais, é possível detectar que ambas vivem momentos de submissão aos valores determinados pela norma racista, culturalmente hegemônica e sexista, mas também manifestam questionamentos à esta norma e, finalmente, subvertem estes princípios. Desta forma, diante do paralelo entre personagens como Irie e Ifemelu, como figuras representantes da mulher negra e imigrante na atualidade, é perceptível que estas figurações podem contribuir intensamente para a reavaliação social feita pelo leitor ao concluir o círculo mimético. A construção de personagens como essas, que se utilizam do contexto do racismo, classismo e sexismo sistêmicos para, então, subvertê-los em suas próprias figurações, fragmentam uma tradição conservadora de um ideal comportamental da mulher negra e imigrante e viabilizam a aceitação da alteridade.
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