Economia municipal e financiamento de campanhas: uma análise das eleições legislativas municipais de 2008 e 2012 em nove municípios do estado do Rio Grande do Sul
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Date
2022-11-13Primeiro membro da banca
Grohmann, Luis Gustavo Mello
Segundo membro da banca
Schaefer, Bruno Marques
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A intersecção entre economia e política não é um objeto novo na Ciência Política, em
especial nas discussões sobre financiamento de campanhas. A literatura de recorte
empírico sobre investimento eleitoral no Brasil, contudo, tem se dedicado pouco a
entender a dinâmica dos recursos de campanha em nível municipal e o grau de
participação das empresas nos processos eleitorais locais. Nesse ínterim, este
trabalho buscou verificar a associação entre a participação de determinado setor
econômico na economia municipal e a presença de recursos empresariais nas
campanhas eleitorais de processos eleitorais locais. Assim, a partir de uma análise
empírica de dados de financiamento de campanhas de candidatos vitoriosos em
eleições legislativas de 2008 e 2012 em Bagé, Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Rio
Grande, Passo Fundo, Pelotas, Santa Cruz do Sul, Santa Maria e Uruguaiana, e de
dados econômicos desses municípios, principalmente a composição setorial dos seus
Produtos Internos Brutos (PIBs) municipais, procurou-se responder à seguinte
questão: como a participação de um setor econômico na economia municipal afeta a
presença de determinado tipo de recurso de campanha? As hipóteses propostas
desenhavam, por um lado, uma associação positiva entre presença industrial no PIB
municipal e participação dos recursos de pessoas jurídicas nas campanhas e, por
outro lado, uma associação negativa entre espaço ocupado pelo setor público em uma
economia municipal e recursos empresariais mobilizados por candidatos eleitos. Por
meio de um estudo exploratório - que mobilizou técnicas de caráter quantitativo -, foi
possível testar as hipóteses sugeridas, abordar o tema por uma nova perspectiva e
apontar tendências a serem objetos de trabalhos futuros. De modo geral, entende-se
que a hipótese foi corroborada, ao passo que, tanto no cenário em que se destacou o
setor industrial quanto no que se deu relevo à administração pública, o comportamento
esperado pelos dados de financiamento ocorreu. Com exceção de dois casos: Bento
Gonçalves e Santa Cruz do Sul. Nesses dois municípios, apesar do robusto setor
industrial e da participação significativa desse setor no PIB dos municípios, não houve
presença expressiva das pessoas jurídicas no financiamento dos eleitos. Uma
possível explicação para o comportamento anômalo desses dois casos é o interesse
das indústrias localizadas em seus limites na exportação de seus produtos, porém, as
políticas de comércio exterior não são de responsabilidade municipal.
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