Da crise dos subprimes à pandemia de Covid-19: China e Estados Unidos nas novas dinâmicas globais de poder
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Data
2023-02-03Primeiro coorientador
Pereira, Adriano José
Primeiro membro da banca
Vieira, Pedro Antonio
Segundo membro da banca
Morais, Isabela Nogueira de
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O objetivo geral deste trabalho é analisar as mudanças nas capacidades relativas e no poder
agregado relativo de China e Estados Unidos nos períodos de 2008 e 2022. Escolhemos este
intervalo de tempo, pois 2008 marcou o turning point das relações de poder entre os dois países.
Por um lado, como resposta à crise de 2008, a RPC tem buscado reduzir a sua vulnerabilidade
perante o mercado norte-americano, focando no consumo doméstico e nas inovações
autóctones. Por outro, os EUA encontram-se cada vez mais vulneráveis às importações chinesas
e às compras, por parte da China, dos títulos do tesouro estadunidense para financiar seus
déficits e suas incursões militares. Ademais, desde a ascensão de Xi Jinping, a RPC tem
abandonado a política externa low profile, adotando a estratégia striving for achievement, com
o objetivo de alcançar o Sonho Chinês de tornar o país uma grande potência socialista até 2049,
fato que tem acirrado as disputas sino-americanas. O período de 2022 foi escolhido por se tratar
do ano mais recente pós-pandemia de covid-19. Desta forma, para cumprir com o objetivo do
trabalho, realizamos, no primeiro capítulo, a partir da epistemologia de Larry Laudan, uma
revisão bibliográfica do debate teórico sobre o conceito de poder para autores Realistas,
Liberais e Marxistas de Relações Internacionais, com o intuito de verificar quais são as formas
de materialização do poder (coerção e/ou consenso), quais são as capacidades necessárias para
este fim e quais indicadores podem ser utilizados para mensurá-lo. A partir destas definições,
coletamos indicadores proxies para mensurar as capacidades econômica, financeira, militar e
política e criamos um indicador composto para o poder agregado baseado na média ponderada
das capacidades, em que a capacidade política detém maior peso. Em nossa concepção sobre o
poder, a superioridade nestas capacidades (que atuam em conjunto) define a posição estrutural
dos Estados e impacta diretamente nas suas habilidades de se projetar internacionalmente,
influenciando a tomada de decisão de outros atores em prol dos seus objetivos. No segundo
capítulo, descrevemos o processo de ascensão e queda do ciclo sistêmico de acumulação norteamericano, de ascensão do Leste Asiático e de incorporação da China na economia-mundo
capitalista pós-1950, com o objetivo de verificar como a RPC se aproveitou do caos sistêmicos
(instaurado pela expansão financeira do ciclo estadunidense) e da divisão do trabalho regional
(através do voo dos gansos) para iniciar a sua expansão material e se tornar o epicentro da
economia global contemporânea, fato que tem suscitado debates sobre uma possível transição
hegemônica entre EUA e China. Por fim, no terceiro capítulo, analisamos detalhadamente as
transformações nas capacidades econômica, financeira, militar e política relativas da China e
dos EUA para, ao final, verificamos a mudança na balança de poder agregado relativo. Nossos
resultados basicamente apontam para a continuidade da superioridade norte-americana nas
capacidades militar, financeira e política e para o equilíbrio sino-americano na capacidade
econômica. No poder agregado relativo, os EUA ainda possuem uma superioridade elevada.
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