Contribuições da Gestão Autônoma da Medicação e da Terapia Ocupacional para a construção de projetos de vida de usuários de saúde mental.
Resumo
A Reabilitação Psicossocial, como novo paradigma trazido através da Reforma Psiquiátrica,
vem para propor um novo conceito ampliado de saúde, firmando ações de cuidado em saúde
mental baseadas na autonomia, protagonismo e no exercício da cidadania. A estratégia da
Gestão Autônoma da Medicação (GAM), criada no Canadá, traduzida e adaptada para a
realidade brasileira, vai ao encontro dessas diretrizes, criando espaços de reflexão e de
efetivação do protagonismo, possibilitando novas perspectivas de vida aos usuários. Diante
disso, esse estudo teve como objetivo compreender os efeitos da estratégia GAM para os
projetos de vida dos usuários de saúde mental, através de suas histórias de vida e relacioná-las
com a Terapia Ocupacional. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e fenomenológica, que
contou com a participação de dois sujeitos. Foram realizados encontros virtuais para a colheita
das histórias de vida, dos quais foram gravados e transcritos, e após esse processo foi feita a
construção de narrativas, com base nos objetivos do trabalho. A partir das narrativas, pode-se
perceber o conhecimento sobre suas medicações, o reconhecimento da própria experiência, a
ampliação de redes e a participação em outros espaços como principais impactos gerados pela
estratégia nas histórias de vidas colhidas. Com isso, têm-se a GAM como uma ferramenta
potente no cuidado em saúde mental, possibilizando um cuidado pautado no protagonismo e
na cidadania, indo ao encontro com o fazer do terapeuta ocupacional na área, prezando pela
subjetividade e inserção social, temas esses que também são preconizados pela Reabilitação
Psicossocial.