De escravas a empregadas domésticas: análise dos processos de polissemia e paráfrase em anúncios no facebook
Resumo
O presente artigo tem por objetivo analisar os anúncios de vagas de emprego destinadas a
empregadas domésticas no facebook, comparando-os com os anúncios dos jornais do século XIX, a
fim de verificar se o sentido da palavra escrava ainda ressoa no século XXI. O objetivo geral foi
verificar por meio das categorias de paráfrase e polissemia (ORLANDI, 2015), se há reprodução/
repetição ou alteração/ transformação do sentido de escrava nos anúncios do século XXI. Na
metodologia, foi necessário buscar anúncios de alugueis de escrava em jornais dos anos (1862 a
1869), assim como selecionar anúncios de contratação de empregadas domésticas na página Vagas
Arrombadas, do facebook. Como suporte, utilizamos o Novo dicionário da língua portuguesa de
Figueiredo (1899), Dicionário contemporâneo de Aulete (1964) e o Priberam , do meio digital,
(2008). Para chegar aos resultados, foi necessário fazer um percurso pelos sentidos nos dicionários
veiculados no final do séc. XIX, meados do séc. XX e início do séc. XXI. Assim, os resultados
remetem à predominância do conceito de polissemia, ou seja, de uma nova significação a partir do já
dito, em apenas um ponto da comparação, notamos o movimento parafrásico, pois, os anúncios do
século XXI diferem dos do século XIX. Por fim, entendemos que os sentidos de escrava ressoam na
designação de empregada doméstica, mas trazendo o novo, uma nova significação, a partir da história
e da memória.