A protagonista e suas facetas, em um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves: a (re)existência de uma afrodescendente
Resumo
O objetivo desta monografia é apresentar uma análise do desenvolvimento da personagem
Kehinde, do romance Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves (2006), e de suas diferentes
facetas de (re)existência que surgem no transcorrer do romance. A obra em questão é narrada
por Kehinde, que narra a sua vida, desde sua captura em África, quando é tornada
escravizada, até voltar à sua terra natal, como retornada. A protagonista, ao narrar suas
memórias, reconstrói o Brasil escravista do século XIX, que é descrito através de sua
perspectiva. Esse romance memorialístico escrito por Gonçalves traz-nos uma personagem
que, ao chegar ao Brasil, é renomeada como Luiza, e se identificará tanto com sua brasilidade
quanto com sua afrodescendência, no que se refere ao lugar que habita e à religião que
professa, ao mesmo tempo em que a narrativa apresenta os diferentes recursos de Kehinde
para (re)existir. A fim de melhor compreender a obra e o processo de desenvolvimento da
personagem Kehinde/Luiza, e verificar a pertinência das questões propostas, buscamos o
aporte da teoria da narrativa (BAL, 2021) e de outras problematizações referentes à
afrodescendência e à diáspora africana. Acreditamos que seja possível identificar uma
construção prismática da protagonista em seu desenvolvimento, tendo em vista que ela habita
o entrelaçamento de duas culturas distintas e precisa resistir e sobreviver às adversidades de
ambas.