Esferologia e o não-lugar: pelo encontro humano antes do encontro psiquiátrico
Resumen
Como chegamos ao mundo e como nos convencemos do conveniente de se
instalar em seu interior e ter uma vida? Sob que condições um ser humano floresce e
vem ao mundo ou fracassa e fica detido em espaços infernais? E de que modo essas
perguntas podem remeter a um problema que pode ser abordado pela psicologia,
especificamente no campo clínico onde percebemos cada vez mais uma prática que
tende a se dobrar perante a teoria ao invés de dar prioridade para o sujeito, aderindo,
antes de tudo, uma primazia do cuidado? O presente trabalho visou responder a
essas perguntas apresentando a experiência de sofrimento de alguém que não
conseguiu se convencer das vantagens de ter nascido, mas pelo contrário, enxerga o
próprio nascer como uma inconveniência. Buscamos entender as complexas
dimensões dessa experiência existencial, indo além do raciocínio diagnóstico
superficial e reducionista, analisando-a através de uma lente filosófica, psicológica e
antropológica, explicitando as dimensões dessa experiência existencial e a
tematizando dentro de um personagem construído com base nos relatos e
testemunhos do autor brasileiro Juliano Garcia Pessanha. Inspirados nas reflexões
de Pessanha em conjunto com Peter Sloterdijk, investigamos os processos formativos
de construção do Self e adentramento no mundo, assim como os desajustes que
nesse processo podem levar a um estado de ruptura existencial como este. Além de
apresentar as articulações realizadas por Juliano Pessanha com filósofo alemão, o
texto também passa pela ponte que o filósofo brasileiro faz entre a (micro)esferologia
sloterdIikiana e a psicanálise de Donald Winnicott, arriscando contribuições para a
prática clínica contemporânea nas intervenções desses casos. Este trabalho,
portanto, leva em consideração que a forma de ser afetado difere de sujeito para
sujeito e o repertório dos sentimentos que temos é herança de nossa história e de
como fomos acolhidos no mundo. Assim sendo, apostamos que entender como foi
que aprendemos a sentir, nas nossas primeiras experiências, pode ajudar a entender
e melhorar nosso jeito de reagir a vida na sua acontecência
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- TCC Psicologia [93]
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