A modernização do estado argentino pelas páginas do La Voz de la Mujer (Buenos Aires, 1896-1897)
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Data
2024-02-20Primeiro membro da banca
Dias, Carlos Gilberto Pereira
Segundo membro da banca
Armani, Carlos Henrique
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Mostrar registro completoResumo
O periódico La Voz de La Mujer foi publicado por mulheres ligadas ao movimento anarquista
em Buenos Aires, do de 1896 ao ano de 1897. Tais mulheres escreviam e publicavam textos
sobre diferentes temáticas: teciam comentários sobre movimentos operários locais e as
repressões que sofriam e comentavam alguns textos publicados pela grande imprensa, além de
se voltarem às temáticas debatidas no movimento libertário, como a exploração burguesa, as
hipocrisias, o controle da Igreja e os malefícios das guerras. Através de suas produções, as
redatoras de La Voz de La Mujer inseriram de forma mais incisiva os debates referentes às
mulheres no movimento anarquista portenho, denunciando a exploração que sofriam por parte
dos maridos no ambiente doméstico, os deméritos por companheiros de luta — por
considerá-las pouco aptas para a reflexão, além de outras violências marcadas pelo gênero,
como a não aceitação do fim de relações. Enquanto proposta para a construção de outra ética e
moral libertária que prezasse pela emancipação feminina, as redatoras defendiam o “amor
livre”, compreendido enquanto a possibilidade de união e separação de casais sem a
interferência das instituições sociais, e propunham algumas orientações sobre a educação e
criação dos filhos. Desta forma, considerando que estas mulheres vivenciaram e escreveram a
respeito de aspectos sociais e institucionais da Argentina no final do século XIX — momento
de modernização do Estado — constitui-se enquanto problema desta pesquisa, pensar como as
mulheres redatoras do periódico La Voz de La Mujer (1896-1897) perceberam o processo de
modernização do Estado argentino durante a segunda metade do século XIX. De que forma
responderam, reelaboraram, negaram ou reproduziram os discursos em prol da modernização,
seja os médico-científicos, higienistas ou moralizantes? Quais as relações de poder, discursos,
aparatos e instituições às impactaram, atravessaram e constituíram os corpos das
trabalhadoras anarquistas? Tem-se como hipótese que as redatoras se posicionaram de
maneira crítica em relação a algumas temáticas, como as Campanhas do Deserto e a repressão
policial, assim como reproduziram e, por vezes, subverteram, os discursos que passaram a
ganhar maior notoriedade na segunda metade do século XIX, como o de uma maternidade
zeladora e a preocupação em relação à infância. De qualquer forma, foi possível observar
algumas das ações e transformações do Estado argentino, numa perspectiva foucaultiana, nas
páginas do impresso. Logo, para o desenvolvimento deste trabalho, constitui-se enquanto
fonte, as oito edições do periódico La Voz de La Mujer. A metodologia aplicada é a
hermenêutica tradicional de análise de fontes históricas, com os cuidados necessários para a
utilização de periódicos nas pesquisas historiográficas.
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