“Venha para o sindicato” ou “reze para chover”: o sindicalismo da agricultura familiar no período recente - análise da atuação da FETRAF-RS entre 2016 a 2022
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Data
2024-02-22Primeiro membro da banca
Teixeira, Marco Antônio dos Santos
Segundo membro da banca
Konrad, Diorge Alceno
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Esta dissertação investiga como o sindicalismo rural da agricultura familiar, em especial a
Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar do estado do Rio Grande do Sul
(FETRAF-RS), organizou seu repertório de ação frente ao Estado no período de 2016 a 2022,
que recorta a ascensão de governos de direita ao poder executivo federal e retomada do
projeto neoliberal ortodoxo. Isto se dá por meio da adoção de um referencial
teórico-metodológico materialista histórico, a partir das contribuições de Gramsci e
Poulantzas para pensar Estado e sociedade civil, bem como da noção de repertórios de ação,
de Charles Tilly, para analisar a atuação da FETRAF-RS em sua interação com o Estado.
Articulado a este referencial, utilizam-se ferramentas metodológicas qualitativas, tais como
análise documental e entrevistas semi-estruturadas, para a coleta de dados, e a técnica de
análise de conteúdo para o tratamento dos mesmos. O corpus do trabalho é composto por: 13
entrevistas, realizadas com lideranças sindicais – passadas e atuais – da FETRAF e aliados
que ocuparam cargos no Estado; documentos da FETRAF, como estatuto, resoluções
congressuais, cartilhas, circulares de orientação, informativos, resgates históricos; divulgação
das ações da FETRAF-RS entre 2016 e 2022 publicadas no perfil da Federação na rede social
Facebook. Como resultados, identificou-se que durante os governos liderados pelo PT, os
movimentos sociais experimentaram novas possibilidades de interação com o Estado,
sobretudo a partir do fortalecimento de estruturas criadas em resposta às lutas sociais, como o
Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que passou a contar com a presença de
lideranças sindicais e aliados dos movimentos à frente da pasta e das subsecretarias. Nesse
período, conformou-se um repertório de interação marcado pela negociação anual e regular
com o governo e pela implementação de políticas públicas, o que absorveu as energias das
direções da FETRAF-RS e subordinou os demais repertórios a isso. A própria relação com a
base girou em torno desta prestação de serviços e da apresentação de resultados da atuação
sindical. Desta dinâmica, porém, resultou certa dependência do sindicalismo da FETRAF,
levando à crise de atuação quando tal interação com o governo federal foi unilateralmente
interrompida a partir da ascensão de governos hostis aos movimentos sociais alinhados à
esquerda. O Golpe de 2016 e os governos subsequentes até 2022 restringiram os acessos das
classes subalternas ao Estado, com a redução de recursos, desmonte de políticas públicas e
extinção do MDA. Apesar disso, o repertório de ação da FETRAF foi difuso, pois
predominaram no período tentativas de Diálogo e Negociação com os governos estadual e
federal, porém sem efetividade, e os momentos de Protesto e Ação Direta foram menos
numerosos e com menor adesão da base, com exceção das mobilizações contra as propostas
de reforma da previdência, que foram bem sucedidas para a agricultura familiar.
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